27 de janeiro de 2010

A Moça.

Uma moça vestida de azul, sentada no chão de uma praça sem lago. Ela está descalça, embora faça frio. Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria. Fazendo perguntas, tu ouvirias respostas. Nas respostas ela poderia mentir, dissimular, e a realidade que estava sendo, a realidade que agora era, seria quebrada. Pois, não fazendo perguntas, tu aceitarias a moça completamente. E descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneirar mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver... Em silêncio. E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Ela que fala com o coração e sabe que o amor, não é qualquer um que consegue ter. Ela é a sensibilidade de alguém que não entende o que veio fazer nessa vida, mas vive. E tinha anjos da guarda, um de cada lado. Fazia muito tempo que ela não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém, então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos dos lábios dela. Ela dorme segura protegida no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo. Esse era o sonho, nada mais. Intrincados, a ponto de um tornar-se ao mesmo tempo fundo e superfície do outro. Nunca outros homens foram, eram nem seriam aquele, e ela sabia que de maneira alguma poderiam ser, ainda que fingisse com o máximo de empenho. Esse é o maior problema dos desejos, eles não aceitam não como resposta. Ela só coloca um ponto final nele se for até o fim. Para matar um desejo é preciso viver, nem que depois você morra junto com ele. Não ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas, cegonhas com bebês, ilhas gregas e happy-end’s cinderelescos, ela queria acreditar. Ela era mais que linda. Era viva, sarcástica, tensa, confusa. Meio desmedida. Era rainha. De uma beleza cegante, só concedida aos que - como ela - têm a coragem de jogar-se nas aventuras do amor. Que também pouco importa, pode ser real ou ilusório. Ria sozinha quase sempre, uma moça magra querendo controlar a própria loucura. Corajosa pela audácia de ser pequena e fraca em meio a coisas rudes, maiores do que ela. Sua voz era maior do que ela, e mais forte que todos os demônios soltos pela casa. Para manter eterno o verão atrás da janela, ela cantaria até o amanhecer. A moça sorria e ficava um pouquinho alegre. De noite, antes de dormir, ela olhava o retrato, dava um beijo nele e ficava outro pouquinho alegre. Tua estrela é muito clara, ela tem sinais bons na testa.
- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.

Caio Fernando Abreu.

Esse texto foi feito por mim com trechos escritos por ele, com alterações minúsculas. Não copie sem antes me constatar e óbvio, dê os devidos créditos. Ao grande e a pequena.

16 de janeiro de 2010

Menino.

Menino esquisito
Que me olha bonito
E deixa o meu coração aflito
Quando você não está
Moleque levado
Que me abraça apertado
E assiste encantado
O meu breve suspirar
Te peço que me leve
Mas, não me atropele
Se no meio do caminho
Eu quiser descansar
Sinto muito menino
É meu jeito moleca
De não deixar pedras
Me derrubar
Menino me olhe
Menino me escute
Eu não sei muito bem
O que eu vou te falar
Te conheço menino
Como a palma da mão
E o meu coração
Você passou a habitar
Desde quando menino
Os teus lábios sorrindo
Eu vi meu nome a chamar.

___

Oi meus amores, demorei sim! Mas, cheguei... Depois de quase um mês sem postar eu tive vontade de escrever de novo aqui. Vontade talvez não seja a exata palavra, eu estava sem inspiração. Quem será o menino? haha. É meu querido e grande amigo Caio. Mais conhecido como bê né? Já são quase três anos. Logo, logo teu presente estará em mãos, meu menino. Que é mais velho que eu, mas isso é detalhe. Te amo bê, obrigada por tudo! E pessoas daqui, vou responder-lhes. ;*