16 de fevereiro de 2010

A vinda da vida, bem viva, bem vinda!

            Entra, deixa do lado de fora os teus sapatos e as tuas mentiras. Entra, mas bota pra fora toda essa verdade que anda tão apagada e escondida. Faz da minha casa a tua morada, o lugar onde você descansa essa tua alma tão calejada, tão cansada. Eu seco teu pranto, te cubro com manto de paz, te aceito com a condição de que você jogue todas as tuas mentiras janela a fora, mar adentro. Cansam-me esses teus sorrisos falsos e sem nenhum brilho, até sua tristeza pode me comover mais que isso. O encanto doce que a realidade pode ter, pode sim! É só você querer, tenho querido tanto e você, quer?
            Não promova mais nenhum show com personagens de mentiras, recuso-me a conhecê-los, ainda se você acreditasse neles. Se não acredita, porque ainda insiste, persiste nessa mentira desvairada, na sua cara deslavada com essa sede desenfreada pelo que parou no tempo passado?
            Te envolvo no meu abraço, te dou o meu sorriso e vendo todas essas fantasias podres que você custou a se livrar. Ofereça tua outra face se quiserem te bater, exponha sua alma e sinta o cheiro da essência que o teu calor emana. Se é teu, por que tens medo? Te direi que essas fantasias da dor não servem para nada, sofrer pelo que virá a ser não adianta, não ameniza tampouco cura essa dor que você inventou, só aumenta, como um dedo enfiado na ferida que sangra e se abre mais.
            Entre na dança, baila comigo. A noite começou e não pode terminar sem o brilho triunfal dos seus olhos depois da libertação. Você é tão livre quanto um pássaro, uma borboleta ou um sonho, mas você é verdade. A minha verdade.
            Agora que você não ouve mais o canto dos malditos, nem a gravidade pode trazer você para baixo, para o chão. Cuida com carinho e paixão do branco sublime e brilhante das tuas asas, elas não estão mais presas e não serão cortadas. Não se assuste nem se convença com os que se aproximarão de ti, assim como você eles estarão sob o efeito da hipnose que sua voz causa e não entenderão coisa alguma, não te levarão embora.
            Tira teu coração da estante, está empoeirado e cansado, ameniza a dor do velho com o agora sem pretensões futuras. O hoje bem vivido é o melhor presente que você pode se oferecer.
            Odoiá! Seus cabelos de Iemanjá marcam tua vinda, o vestido azul, curto e bonito convida a menina dos meus olhos a entrarem na sua dança, seus movimentos de quem há muito aprendeu a voar, mas só agora saiu da gaiola. A alegria plena que a só a liberdade de ser o que se tem vontade pode trazer. Que só você pode se presentear. Júbilo!
            O amargo do seu fel que sustentava seu inferno se faz doce porque a ilusão bate na sua porta, mas você a convida a se retirar. Aprendeu rápido a enxergar o que te faz bem! E eu de pé aplaudo não o que você foi, ou o que você poderia ser... Mas, o que você é! 



                                               Linda, bem vinda. Bem viva. Sejas viva, seja vida em mim!

4 de fevereiro de 2010

Confesso.

            Acordei me sentindo culpada por ainda não ter enviado o seu presente e ao mesmo tempo com uma felicidade inquietante que me deram a sensação de possuir borboletas lilás voando dentro da minha barriga, um sorriso colado na face com super cola e bom dia, com muita alegria. Alegria essa que é impossível de descrever-te. O que são três anos para aqueles que tiveram vidas antes, terão esta e outras depois? Pode não parecer muito tempo para uns ou muito tempo para outros, mas para mim, bê, não importa se é muito ou pouco, para mim as únicas coisas que importam a cerca destes três anos foram as coisas incríveis que você me fez sentir. Quando você me conheceu eu não tinha só idade de menininha, eu era uma menininha mesmo, coberta de sonhos e de idealizações, talvez isso soe de uma maneira incansavelmente triste, mas todos esses escorreram pelo vão dos meus dedos e escaparam de mim, eu os segurava com tanta força que devo tê-los assustado. Mas, a menininha cresceu muito rápido. A sua bebê virou uma mulher e você sabe disso. O que me fez crescer tanto assim? Talvez isso seja assunto para outra longa história, ou não. O que me fez crescer assim foi assistir pessoas do meu lado sendo gente grande e as vezes caindo e precisando do apoio de gente grande, foi ver as pessoas grandes do meu lado querendo pessoas grandes para conversar. Embora pareça estranho, essa gente grande que nasceu em mim não matou e nunca levará a extinção a menininha, aquela que fica andando pelos cômodos da casa toda vez que o tal de bê liga para ela, toda vez que ele fala: Você é a melhor coisa que me aconteceu. E sabe por quê essa menininha vem a tona cada vez que te vê? Porque você enxerga as cores que existem dentro de mim, porque não te importa se minúscula, pequena, grande ou gigante, importa que seja eu e isso me deixa muito feliz. E eu também não importo a forma que você venha a mim, o importante é tiver chegar e assim poder abrir aquele sorriso imenso que você conhece direitinho, a janela da alma, mas eu não penso que conheça apenas a janela da minha alma, acredito que você conheça a alma toda e todas elas.
            O sorriso você viu muitas vezes, o que você nunca tenha visto foram as lágrimas, confesso que não foram poucas, nem foram poucas as vezes que eu jurei nunca mais. Só que é impossível nunca mais falar com você, nunca mais olhar para tua cara, nunca mais lhe sorrir. Porque eu gosto da tua presença, da tua voz, das tuas brincadeiras, do teu sorriso, das tuas palavras, gosto? Não, não gosto. Eu amo. É muito amor. E o amor às vezes fere, mas a cada ferida curada ele se fortalece e cresce, cresce.
            E durante os três anos eu também não fui fácil. Joguei todas as coisas pro alto, briguei por motivos banais e te tratei de maneira grosseira. E as coisas boas não têm mais valor que isso? Claro que sim.
            Lembro-me vi pela primeira vez o Chu, o gato mais lindo do mundo. Eu me apaixonei a primeira vista pelo meu filho. Lembro de quantas vezes já discutimos por futebol. Lembro-me das palavras lindas que você me dizia. Lembro-me das mensagens trocadas e me lembro do mais doce Dezembro que tive ao seu lado. Recordo-me muito bem de te ver nas coisas mais simples e contentes que apareceram na minha vida. Lembro-me dos consolos e conselhos. Me lembro de quando você foi ao show do Alex e pegou o autografo pra mim. Lembro-me de cada sorriso seu que vi. Lembro-me da barriga (...)³. Lembro-me e nunca haverei de esquecer o amor incondicional que eu criei por ti, como quem alimenta um filho ou um ente querido eu alimentei, alimento e alimentarei sempre esse amor que sinto por você e ele aumenta toda vez que você diz ser eterno.
            Essa nossa história que já seguiu por tantas tramas e já teve o caminho tantas vezes desviados haverá de ser sempre linda. O que nunca conseguirão desviar será o meu sorriso do seu olhar. Eu te amo bê! Parabéns pelos três anos dessa coisa que nós nem sabemos que nome dar, passa de amizade, isso já é irmandade. 
Eu te amo bê.



Talvez todas as coisas que eu disse já sejam suficientes, mas eu ainda preciso dizer: Obrigada por esses três anos, Caio! Você é incrível e eu te amo, sempre haverei de amar. ;** E sim, aí em cima é a prévia do seu presente. ;))

2 de fevereiro de 2010

Loucos e santos.

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


Fotografia por Pâmella Coracim

(Oscar Wilde)



Porque nós, eu e meus amigos, preferimos o prefixo a de anormal ao in de infeliz. Pense nisso. ;)