25 de dezembro de 2015

Dos Encontros.

Me pediram pra escrever e nessa altura do campeonato, eu só consigo pensar em escrever sobre você, talvez porque eu ainda não tenha escrito nada, talvez porque ainda haja algo latente aqui dentro de mim, talvez porque eu só saiba escrever sobre as coisas que moram dentro de mim.
Escrevo para celebrar esse tipo – raro, você e eu sabemos – de encontro. Escrevo porque essa é a minha forma de organizar a vida, os sentimentos e todo o resto. Escrevo para, sabe-se lá daqui quanto tempo, lembrar de você com o mesmo carinho que tenho hoje, no peito. E é tanto.
Acredito que devo começar contanto sobre a minha dificuldade em permitir que alguém entre em minha vida. Não tive tempo de explicar todas as minhas razões, apenas a maior delas e acho que é o suficiente. Mas, como eu te disse desde as nossas primeiras conversas: o santo bateu. Você, querido, me devolveu um pouco da fé nas relações humanas, por mais que a nossa não tenha dado certo.
Você também me devolveu a fé em Deus, que eu sempre tive, mas estava há algum tempo esquecida dentro do meu coração. Ao ver a sua fé e eu lembrei que também tinha uma, que hoje está avivada como nunca, a certeza de que Deus me ama e não me desemparará jamais, mesmo nesses momentos difíceis que eu não entendo os propósitos dEle, sei que sou carregada no colo. Minhas orações também se voltam para você, quero o seu bem, sua alegria, sua paz e um mundo de luz pra você, que me fez tão bem. Peço ao Papai do céu e aos meus anjos da guarda que cuidem de você.
Ainda penso em você diariamente e sinto falta das coisas que dividimos. Ainda me pergunto por que você entrou na minha vida de forma tão intensa e incrível, se era pra ir embora tão cedo. Quase sempre, durante o dia ou diante de algum acontecimento, tenho vontade de te escrever para contar e isso é uma das coisas mais difíceis de controlar. Mordo o lábio, serro os olhos e me convenço de que nada mais te interessa ou você finge que não.
Têm sido dias difíceis, é bem verdade. Vez ou outra ainda choro e me sinto a menina mais boba do universo inteiro. Mas, tenho consciência de minha sensibilidade e não quero abrir mão dela. Prefiro o choro a uma mágoa fazendo morada dentro de mim, aqui, só guardo os sorrisos. Se as alegrias têm prazo de validade, minhas tristezas também, dos mais curtos.
Criei por você um carinho muito bonito, que tinha sim potencial – dos grandes – para ser amor. Era semente ainda e você foi embora antes dela germinar. Você regou, cuidadosamente, a cada ligação de boa noite, cada vez que se preocupou em me agradar, cada sorriso e a cada mensagem respondida. O carinho que você me deu, em tão pouco tempo, foi suficiente para me fazer querer estar do seu lado sempre que pudesse e não hesitar, nem por um segundo, em te mostrar o meu lado doce, que luto tanto para esconder de todo mundo.
Peço desculpa por não ter te escrito antes, quando possivelmente fizesse sentido pra você e por trazer a tona agora algo que eu não sei o quanto você está interessado.



Eu queria sentar num café, olhar nos seus olhos e dizer tudo o que lhe foi escrito. Contar tim-tim por tim-tim das minhas razões, não sei se um dia essa chance me será concedida, mas espero que saiba, você me cativou.
Por hora, tudo o que eu posso fazer é, de longe, te desejar paz e bem. E agradecer por tudo, tudo, tudo. Até porque, como diria Caio: "Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim."


Um grande-gigante-imenso beijo, 
Da Pequena (Gor).


16 de julho de 2015

Das saudades.

Para ser lido ao som de Rather Be.

Créditos Imagem: Tumblr 

Ando com saudade do ninho. De sentar no sofá enquanto espero você se ajeitar e ouço seu pedido de: - por favor, baby, não repare a bagunça. É claro que eu não reparo, penso comigo mesma. Ouço você perguntando o que quero ver na TV e eu serro os olhos, penso se não te parece óbvio que não quero ver nada, mas permaneço em silêncio. Vejo você pegar uma água e se sentar ao meu lado, logo sorrio e acomodo meu corpo pequenino ao seu abraço, que me envolve num conforto infinito. Roço meu rosto no seu ombro e pescoço, sinto seu cheiro de roupa limpa e sonho bom, mas me afasto repentinamente, com medo de sujar-te com a minha maquiagem, mas o medo se desfaz num sorriso logo após a sua cara de que é óbvio que isso não tem importância.
Levanto-me e caminho no pequeno espaço que nos aconchega, quando te pergunto sobre a vista, ouço você dizer que posso olhar se quiser e não hesito. Saio me equilibrando no meu maior salto para observar a vista da sacada, vejo a cidade sob nossos pés. Tento adivinhar onde fica cada lugar e ouço você, um pouco distante, rindo do meu (inexistente) senso de direção. Sem nenhuma vergonha na cara, uso minha desculpa favorita que é detestada por você e logo ouço que preciso saber um pouco de tudo. E a nossa conversa atravessa o ambiente.
Volto, notando que você ligou a TV num filme que desconheço e outra vez aconchego nosso corpos como se nosso ninho fosse e no fundo, sinceramente, acho que é. Abaixo-me e solto o fecho das minhas sandálias, noto que seus olhos observam os meus pés, você comenta como são lindos e pequeninos. Agradeço e logo te abraço, como se abraçasse o mundo e deixo que nossos narizes se toquem num delicado beijo de esquimó. Num puro golpe de ousadia ou talvez de intimidade, jogo minhas pernas sobre seu colo e sinto seus lábios sorridentes tocando os meus. Neste ínterim, meus olhos já se fecharam. Fico receosa de outra vez bater sua cabeça no sofá, então envolvo meus dedos nos teus cabelos fartos, penso com um sorriso singelo que depois seu cheiro ficará ali, na minha pele, fazendo companhia quando sua presença se ausentar.
Em meio aos nossos carinhos, perdemos a noção do tempo e quando dou por mim, já perdi “minha hora”. Levanto correndo, me soltando do seu abraço e te apresso também. Enquanto calço minhas sandálias ouço suas tentativas de me convencer a ficar. Sorrio, enquanto percebo que a vontade de não ir embora está quase vencendo a necessidade de voltar. Outra vez te apresso enquanto espero na porta, noto você fazendo hora e sinto um misto de sensações: ao mesmo tempo em que quero te punir, desejo te mimar. Ameaço chamar o elevador, mesmo sem você e noto seu leve incômodo com a minha impaciência, os seus rodeios se multiplicam, assim como meus sorrisos, enquanto você ganha tempo. Finalmente você vem, abre a porta e caminhamos até o elevador. Dentro dele, nos beijamos novamente. Já no carro, faço questão de escolher o melhor caminho para aquela hora, aproveito para comentar a playlist que toca no seu carro. Já na porta de casa, nos beijamos como se adolescentes fossemos. Antes de te deixar ir, peço que me avise quando chegar e entre um selinho e outro,  peço também que se cuide. E depois, passar a madrugada trocando mensagens com você, sem querer me despedir. Eu te escreveria para dizer que você não precisa ter medo se eu não achasse que todos eles são completamente compreensíveis. No entanto, agora que todos os meus textos cheios de clichês são pra você, isso não mais adiantaria. Então, eu só queria que você soubesse que nenhum clichê é clichê por acaso.



17 de maio de 2015

Carta de aniversário



Escrevo-te sentada no sofá num dia de domingo. Imagino que um dia estarei caminhando à beira mar, segurando meu calçado em uma das mãos e sentindo a brisa marítima tocar minha pele, quando num momento qualquer, de forma inesperada e súbita, você gritará: Letícia! Eu saberei quem me chama, porque num mundo onde habitam mais de 7 bilhões de pessoas, uma única tem a audácia de me chamar assim, com toda a naturalidade. Morderei o meu lábio inferior, hesitante, sem saber o que fazer e te olharei com um sorriso. Talvez me falte força para atravessar a areia ao teu encontro, talvez eu corra em sua direção, talvez eu duvide entre um passo lento e outro, se isso estará mesmo acontecendo. Ou é obra de minha imaginação, como agora. Depois de me aproximar, meus braços saudosos te abraçarão, como se buscassem uma confirmação. Encherei todo meu pulmão de ar, como quem procura forças para perguntar como-vai-você-eu-preciso-saber-da-sua-vida...
Você vai me chamar para tomar uma no bar mais próximo e quando eu te der minha resposta padrão, você debochará de mim, na certeza de que certas coisas não mudam. Depois de insistir eu vou aceitar uma caipirinha de saquê porque como sempre, eu não saberei te dizer não.
Contar-lhe-ei sobre quantas vezes, como agora, pensei em te escrever para o seu aniversário. Como esses dias que antecedem essa data me atormentam. E como é a vida de quem nunca soube dividir nada, dividir o próprio dia. Sobre como, mesmo depois de tanto tempo, eu não consigo te odiar. E o quanto tem dias, que eu sei que só os seus ouvidos me entenderiam.
Falarei sobre o diploma, as conquistas profissionais e os carimbos no passaporte. Sobre como é dolorida a dúvida entre alçar o primeiro voo para longe ou ficar no ninho. E riremos, lembrando, do dia que você listou os nomes para os filhos que não tivemos e não teremos. Você me contará sobre a família linda que teve o prazer de formar e eu te direi, certamente, sobre o quanto eu cruzei com caras babacas no caminho. Tomara que, neste dia, eu já possa te dizer que encontrei alguém muito especial que foi capaz de curar as minhas feridas e derrubar minhas armaduras. Vai saber?
Contarei a você que Maria se formou médica e que eu estou estudando ainda, seja pós, mestrado, doutorado, pós doc, especialização. Quem sabe? Ou pode ser só um curso para gourmetizar os pratos que eu já sei.
Vou olhar para a sua mão que teme em tocar a minha e sentir aquele choque de novo. Você vai desviar o olhar, mudar de assunto, me fazer chacota e me mostrar foto do seu mais novo, do seu mais velho, do seu do meio, ou da sua filha única. E ela se chamará também Letícia, ou não. E eu vou sentir um aperto no peito. Meu celular tocará, alguém me chamando pra voltar pra casa, ou pra jantar, ou pro boliche. E eu direi que estou fora da cidade.
Por último, você perguntará se ainda escrevo e para quem.
Nos despediremos outra vez sem trocar telefone ou endereço. Deixando nas mãos do destino um possível reencontro, ou não. Vamos ter, outra vez certeza, de que certas pessoas são únicas e insubstituíveis.

Com saudades,

Allie.

24 de abril de 2015

When I'm gone.

"Sabe, eu tenho trabalhado muito. Às vezes quando a dor me visita eu nem percebo porque estou trabalhando demais para notar. Nunca mandei uma indireta para você no Twitter. Nunca mais escrevi para você. Se por ventura um dia você se esbarrar em algum texto meu, não se iluda, não é para você.
Provavelmente já vai ser outra pessoa. Eu te disse que não ia esperar, né? Lembra quando você perguntou se um dia podia me procurar? A resposta é não. Não me procura. Se você sentir algum dia que deveria ficar comigo, me procure em outras pessoas. Me procure nas músicas, me procure na corrida que eu sei que ajuda a equilibrar a sua vida. Porque no fim o que eu era para você era um alivio, um banho quente numa tarde chuvosa (...).
Eu nunca fui a mulher da sua vida, e sim a pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha eu, e ali fiquei, porque você foi embora, e agora eu também."








Leia o Texto da Mabê na íntegra, aqui.