26 de dezembro de 2014

Desejo de ano novo.

Para ser lido ao som de Rather Be - Clean Bandit





Para contar sobre você, devagar, escolho dizer que a cada encontro você deixa algo de bom em mim. E apesar de estar me equilibrando entre o medo e a delícia de me apaixonar, eu tenho certeza que você é um destes presentes que o universo, em sua imensa sabedoria e com imenso cuidado, colocou em meu caminho. 

Acho linda a sua delicadeza ao me tratar como pequena flor. Admiro o cuidado em cada palavra, carinho, beijo, abraço e momento compartilhado na delícia de sua companhia. Feito quando você caminha com o braço envolto em meu corpo como se me colocasse sob redoma, de modo que ninguém – nem eu mesma e meu jeito desastrado – possa me machucar.

Aquele abraço que você me dá, enquanto diz em meu ouvido que ainda dá tempo de desistir de descer do carro para então passar o resto da noite com você. Ou seu riso descarado quando esconde minhas chaves para desfrutar um pouco mais da minha companhia, como se fosse preciso. 

Acho graça quando você me pergunta como está o tempo antes de escolher a roupa para me buscar. Nunca te contei, mas ainda fico apreensiva ao escolher a roupa para te ver e antes de tudo penso sempre no sapato, só você sabe o por quê. Seria tão mais fácil se na agenda nós também colocássemos o dress code. Entretanto, isso seria impossível, pois, mesmo depois de todo esse tempo, ainda somos indecisos em todos os encontros. Não vejo problema algum em rodar a cidade toda com você e decidir ir ao lugar que me indicaram mesmo. E o meu ritual de te pedir um abraço antes de qualquer beijo e ficar pendurada no seu pescoço enquanto afago seus cabelos e esqueço-me da vida sentindo seu cheiro e sua bochecha colada na minha. Você afaga meus cabelos e eu penso que poderia ficar sob seus cuidados para sempre.

Não me importo de passar madrugadas em claro se eu tenho você me fazendo companhia no aplicativo de mensagens, sobretudo, se essa for a única forma de matar a saudade que vezenquando vem me dizer que parece que você veio pra ficar. Mesmo quando não fica. Então, somos você na cidade que não dorme nunca e eu no meu universo lilás, atravessando a madrugada feito dois adolescentes bobos.

Quanto ao tempo que haverá de durar, não nos demos nenhuma certeza. No entanto, não devemos nos apressar se temos o agora que é exatamente tudo que precisamos.

Confesso que não estou acostumada a levar a vida assim sem promessas. Mas essa leveza de não ter obrigação nenhuma e permanecer apenas porque é isso que nos faz bem, tem sido uma descoberta deliciosa. Às vezes tenho vontade de perguntar como é que cê faz pra roubar meus pensamentos sem oferecer nenhuma garantia, mas logo você rouba também a cena e me dá outras respostas que eu nem sabia que estava à procura.

O que preciso dizer agora é que a sua gentileza me dá vontade de acreditar no mundo. A forma que você trata até aqueles que não conhece desperta em mim o desejo de fazer de você um modelo de comportamento. Não sei se fiz algo para merecer alguém como você na minha vida, mas se aqui está, deixo continuar. Alguém que ri de mim e me faz rir é tudo o que eu sempre quis da vida.

Se isso é amor eu não sei. Só sei que tenho vontade de pedir pra você ficar quando tem que ir embora e quando quem vai, sou eu, a vontade é de pedir pra vir comigo.

Talvez eu não tenha crédito para um novo pedido de ano novo. Mas, eu desejo pra você tudo de melhor, a começar por nós.


25 de dezembro de 2014




“Ficar seria tolerar suas mancadas. Você precisa perder pra entender onde errou, que isso que você faz é um erro, um dos feios. Que evitar e não tocar mais no assunto não é perdão ou esquecimento. É sufocar. E eu estava sufocando… Partes de mim querem ir embora, partes de mim querem ficar. Ainda não terminei de gostar de você. Mas consegui. Agora fui. Porque comecei isso querendo ser seu companheiro, passei a cúmplice das suas maldades, e ficar dessa vez vai me fazer seu comparsa. Não é um ‘até amanhã’ nem ‘até breve’ e nem ‘até mais’. É um ‘até você mudar’ ou ‘até você não ser mais quem você é’. Até nunca, então.”

— Gabito Nunes.

10 de dezembro de 2014

(Perdo)Ar-te.

Você não é perfeito e eu também não. Mas, muitas vezes fui tomada pelo desejo de te ensinar a ser conforme a minha vontade. Pois agora me dei conta de que isso, além de ser um ato de grandioso egoísmo, também é um ato de imensa violência.
Me desculpe.
Sei que muitas vezes invadi um espaço que não cabe a mim, porque é tão e somente seu.
Eu errei.
Errei todas as vezes que desejei que você fizesse algo de acordo com a minha vontade. Errei quando, a cada briga, quis te ensinar a alguém diferente apenas porque supunha que este alguém – completamente moldado por mim – não seria capaz de me magoar.
Ato falho.
Fui incapaz de perceber que todo criador é responsável pela sua criatura. E que em algum lugar e momento isso significa que: cria e atura a própria dor que criaste, criador.
Me tranquei numa torre e quis que você construísse um reino encantado ao meu redor. Atribuí a você uma responsabilidade que não pertence à ninguém - além de mim. Projetei um príncipe em alguém que não era Real, porque era invento (meu).
Meu Deus! Estive tão cega que quis dar a você a divindade que nem eu e nem criatura humana alguma possui. Errei tanto na tentativa de só acertar e fazer com que você acertasse. Mas, quem é que me concedeu os poderes de juiz?
Abri os olhos – tardiamente, talvez – e vi que eu magoei e feri você tentando evitar que você pudesse me ferir – mais –, queria para mim o seu direito de livre arbítrio.
Julgando-me tão humana fui desumana com seu jeito próprio de ser – quem ou o que quiser. 
Perdoo-me pelos meus erros.Você também?

1 de novembro de 2014

Seu quase rir ilumina...






Ainda estou com a sensação de riso frouxo, meus lábios parecem ter vontade própria desde ontem quando eu tive a oportunidade de encontrar a Juliana Lohmann, quem me conhece sabe a importância dessa pessoa linda na minha vida, minha atriz favorita sim, mas principalmente uma das minhas pessoas favoritas, no mundo! 
Há 2 meses atrás foi aniversário da Ju. Há anos luz não atualizo o fotolog, devido a falta de tempo e também porque caiu em desuso. Mas, nunca perdi o contato com a Juliana e como em todo aniversário escrevi para ela que permanece sendo minha Diva/Vida. Para minha surpresa Juliana respondeu falando que tinha sido um dos parabéns mais lindos que ela havia recebido e que esperava que nosso encontro físico acontecesse o quanto antes fosse possível. Há algum tempo atrás ela disse que quando nos encontrássemos ela me “esmagaria de abracinhos”. Nós não podíamos imaginar o que estava a nossa espera.
Um belo dia eu estava no trabalho e olhando o instagram, vi que ela havia postado uma foto no Aeroporto de Campinas. Comecei a tremer. Como assim? Juliana na mesma cidade que eu? Desesperada mandei mensagem pra ela perguntando se ela ainda estava ali, mas ela estava indo embora, tinha apresentação da peça em Jundiaí. Fiquei chateada por não conseguir encontrá-la, mas depois conversando comigo, ela disse que eles ficariam em curta temporada em Campinas (cidade onde estudo e trabalho, mas não moro). Quando o dia chegou, ela mandou mensagem falando que havia pensado em mim o dia todo, que estava em Campinas e me convidando para ver a peça. Eu não pude. Tive prova na faculdade e quem poderia ver comigo, também não pôde. Fiquei chateada, mas tranquila pois sabia que ela voltaria, neste ínterim ela começou a gravar “A frente fria que a chuva traz” e ficou fora da peça durante dois fins de semanas. Meu coração estava incrivelmente tranquilo.
No dia 23 de Outubro a página da Peça “Superadas” postou um flyer no facebook e eu enviei para um dos meus amigos de infância e perguntei se nós poderíamos ir juntos. Ele topou na hora. Mandei mensagem pra Juliana e perguntei se ela estaria na peça no dia 31, o dia que havia me programado pra ir e ela disse que sim. Era o último fim de semana da curta temporada em Campinas e aquele sim me alegrou a vida.
Fui pra Campinas ontem pela manhã trabalhar e quando terminei meu expediente, peguei minhas coisas e voltei pra casa para me arrumar e voltar pra CPS pra assistir a Juliana. Tudo já estava combinado e planejado. Ao sair de casa pra voltar pra lá, mandei um whatsapp pra Ju: “Partiu Campinas” e ela respondeu comemorando. Logo que cheguei, combinei com meu amigo de me buscar e chegando na casa dele o meu whats anunciou uma mensagem dela, era uma foto e escrito: “Indo te encontrar, eba!”. Eu estava me sentindo a raposa do livro d’O Pequeno Príncipe: “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade!”.
Depois do jantar, fomos ao teatro. Sentamos em nossos lugares e esperamos os avisos sonoros anunciarem o início da peça. Veio o aviso de que não poderíamos fotografar durante a peça, meu coração se espremeu, eu queria registrar cada instante. Com as cortinas fechadas eu ouvi os passos sobre o palco e a cada segundo eu tinha mais certeza que estava mais perto dela.

A cortina se abriu, as luzes aos poucos se acenderam e logo vieram elas: as três superadas. Reconheci a Juliana e seus trejeitos, tudo como sempre quis ver de pertinho e ali estava, a poucos metros de mim. Assim que a luz se acendeu eu vi os olhos dela me procurarem no lugar que estava reservado pra mim, mas como eu estava com companhia, eu não o ocupava. Logo após ela me viu, deu uma piscadinha e eu já me senti “abraçada”. A peça foi acontecendo e a gente rindo absurdamente, foi tudo muito bom. Ao fim da peça, se colocaram em frente ao palco e agradeceram a plateia, o Raphael pediu pra tirar uma foto e todos posamos atrás deles, felizes. Depois disso, ela olhou novamente pra mim e fez menção de que eu esperasse por ela ali mesmo. Não aguentei, levantei e fiquei andando de um lado pro outro a sua espera, cada passo no palco meus olhos se voltavam esperando que fosse ela. A primeira a aparecer foi a Catarina Abdalla, passou por mim me cumprimentando e foi ao encontro de algumas pessoas que pareciam estar a sua espera. Depois veio o Raphael Vianna, super simpático, conversamos e eu pedi pra tirar uma foto com ele. Me senti uma anã. Ele é alto e muito bonito, aquela coisa de ter presença, sabe? Logo após, apareceu a Flávia Guedes e nos cumprimentou, falou com o pessoal que conversou antes com a Catarina, posou pra foto com eles. E nada de Juliana. Meu amigo até brincou: “acho que ela não vem, hein? Não vai ter Juliana!” eu ri nervosamente, mas confiante de que ele estava errado. Finalmente ouvi os passos dela e eu já estava colada no palco. Ela desceu pelas escadas e veio ao meu encontro, me abraçou e foi maravilhoso, agradeceu por eu estar lá e logo vieram outros fãs pedindo pra tirar foto (que eu ainda não tinha tirado), eu fiquei por ali. Entre uma foto e outra ela conversava comigo e com meus amigos, até que alguém apagou as luzes do palco. Foi quando ela pediu pra acenderem por que: “Eu quero tirar uma foto com a Joyci”. Os outros três atores olharam e falaram numa espécie de coro: “Ela que é a Joyci?”. Acho que nesse momento eu fui só sorriso, eles já sabiam sobre mim. Então a Ju me contou que quando eu comentei na foto do instagram do Raphael mais cedo, falando que eu ia, ele falou pra ela: “A Joyci vai viu?”, ela ficou curiosa pra saber se ele me conhecia e ele disse que sim, pois eu havia comentado no instagram dele e ela defensiva disse: “A Joyci é MINHA fã, viu?” rs Que dúvida! Eles brincaram que queriam que eu fosse fã deles também. Raphael disse que ele era bom em tirar fotos e eu o desafiei a tirar uma minha, ele quem tirou as minhas com a Juliana e mais algumas. Ficamos por ali mais um tempo rindo e nos abraçamos mais algumas vezes. Foi incrível! Foi feliz! Foi muito melhor do que eu poderia imaginar que seria. Eu não chorei, eu aproveitei cada instante ao lado deles. Vou guardar essa sexta-feira, 31 de outubro, que é 13 ao contrário, como um dia de MUITA sorte! E luz! E amor! 

12 de outubro de 2014

Escre(vi)ver.






Eu sei escrever textos sobre os outros e o bem que eles fazem ou fizeram um dia, a mim. Acho que sou uma boa contadora de histórias e não digo quando o quesito é apontar defeitos porque sou conhecida por ver amor, inclusive, onde não tem e devo isso a minha mania de tentar – nem sempre conseguir, mas insistir em – me colocar no lugar o outro e enxergar o mundo com os olhos dele. Obviamente isso é muito difícil quando o sangue nos sobe a cabeça e tudo o que queremos ou conseguimos é esbravejar palavras e espinhos ao vento, mas quando deitamos a cabeça no travesseiro, colocamos a mão na consciência e a consciência no coração, enxergamos que nem tudo que o outro faz, ou na verdade quase nada, é com a intenção de nos magoar ou nos colocar para baixo. E finalmente nos damos conta que pensar assim é ser egoísta, por alguns instantes, ao ponto de acreditar que o mundo (ou o nosso mundo) gira em torno de nosso pequeno umbigo. E quando a gente consegue olhar pro umbigo dos outros parece que uma magia acontece, a gente cresce e fica, como ouvi outro dia dizerem: "Rica de humanidade". 
Afinal, por que estamos aqui se não para nos tornarmos mais humanos?
De uma coisa estou certa: Não fomos feitos para sermos Santos. Mas, somos capazes de nossos pequenos milagres e a partir do momento que nos permitimos ver, eles acontecem quase que diariamente. Um sorriso, um abraço ou alguma coisa que consideramos bobagem, pode transformar o dia de alguém e salvá-los da sobrevivência diária. Existe milagre maior e mais valioso que terminar o dia na certeza de que ele valeu cada segundo?
Eu gosto de ser útil na vida. De ajudar o outro quando ele não espera ser ajudado e ver a cara de espanto se dissolver num sorriso agradecido. Percebo também o quanto essa mudança de ponto de vista - ou seria aceitação de outros pontos de vistas? - tem feito de mim uma pessoa mais grata. Com a família, os poucos amigos que me restaram e a vida de forma geral.

Minha vida não é melhor ou mais fácil que a de ninguém, acontece que aprendi a procurar e  depois disso sempre encontrei algo pelo qual eu preciso agradecer.

27 de setembro de 2014

Ao meu primeiro amor,


AG/F.
         Eu não te amo mais. Não com a mesma pureza, inocência e plenitude que amei quando você me ensinou o que eu era capaz de sentir por um alguém que não fazia parte da minha vida e da minha família. Mas, me lembro com alegria das vezes que senti que o meu coração poderia saltar pela boca apenas porque você estava por perto. Como é doce a inquietude de um primeiro amor. Talvez isso explique o carinho que ainda nutro por você e a vontade de te abraçar cada vez que me sinto insegura. E também, a falta de coragem de matar você de vez, dentro de mim.
         Quando ouço falarem de amor, da boca pra fora digo que esse tipo de coisa não existe, mas na verdade, penso que gostaria de ser agraciada outra vez com um sentimento tão verdadeiro. A minha estratégia de defesa favorita continua sendo a armadura, a cada decepção deixo que ela me cubra na tentativa de não me machucar mais uma vez, afinal, nunca é tão simples curar ferida.
         Peço desculpas se, depois de tanto tempo, ainda sou capaz de guardar tanto do que fomos, acontece que como posso não tomar como referencial quem foi o meu primeiro amor? Aprendi muito e sofri na mesma proporção. Não sou cínica a ponto de dizer que não há mágoas, ainda não consegui te perdoar por abrir mão de tudo sem me fazer entender as suas escolhas, você me conhece bem e sabe perfeitamente que meu orgulho jamais seria capaz de permitir que eu pedisse para que você ficasse, apenas queria saber de suas razões.
         Na verdade, eu sequer tenho culpa se o fantasma do que fomos vezenquando ainda me assombra e me faz enfiar o dedo na garganta (ou na ferida) como agora e dizer aquilo que nunca foi dito, ou pelo menos, não da mesma forma. E nesses momentos encorajo a mim mesma a dizer coisas que nunca consegui. Talvez por medo, por orgulho ou por uma mistura de sentimentos que não sou capaz de identificar.

         Na espera de respostas que nunca vieram, não de forma clara e coerente, muitas vezes pensei que a culpa de não ter “funcionado” fosse minha, mas não foi. Você e eu sabemos bem. Se algum dia sentássemos lado a lado eu sei que você só não me absolveria de toda a culpa, pois seu orgulho é tão grande ou até maior que o meu. No entanto, hoje, depois de tanto tempo eu sei que fiz tudo o que pude para ter você por perto, mesmo quando não era possível. Só eu sei o quão grande foi o conflito entre razão e emoção, mais do que isso, quão difícil foi deixar a razão vencer. Ainda depois de tanto tempo, às vezes, me permito te esperar, como no meu aniversário, não para um encontro amoroso ou coisa do gênero, mas para apenas ouvir você dizer qualquer coisa no tom do seu humor ácido sobre como o tempo passou. 


*** 

‎"Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás. Então eu pego o passado, e transformo em poesia-ou-coisa-assim." 
(ABREU, CAIO F.)  

27 de julho de 2014

Pretéritos.

Para ler ao som de “When I was your man”.



Estava ociosa no trabalho quando resolvi vasculhar meu e-mail, aguardava o relógio anunciar minha partida ou uma simples resposta para prosseguir com meus processos. Abri uma pasta antiga e foi onde te encontrei guardado, prendi a respiração e ao clicar no “assunto” tive certeza que bem não me faria. De qualquer forma, estava feito.
Houve um tempo em que o meu maior motivo de alegria era ter você por perto e junto, a certeza de que eu era amada. Eu li verbos que quando conjugados no tempo certo eram minhas orações. Certamente as palavras mais bonitas que já me dedicaram até então. Hoje são –  apenas –  pretéritos mais que perfeitos.
 Agora o tempo é outro e o que sobrou são lembranças, palavras e carinhos que ficaram daquele que decidiu ir embora. Doces e doloridos. São feridas que viraram cicatrizes e vez ou outra inflama, mas já não ardem e não preciso desinfetar. As suas escolhas me fizeram trilhar caminhos diferentes dos que eu tinha escolhido no momento em que te vi chegar, às vezes tenho a impressão de estar num labirinto que hora ou outra me leva a um lugar que já fui.
No entanto cada vez menos sinto vontade de voltar no tempo e quem sabe fazer diferente, sei que dei o melhor que podia e que se não fomos feitos para durar, a culpa não é minha e tampouco sua. Seria pura hipocrisia dizer que não queria, um dia, sentar e pontuar toda essa história. Bem como se não assumisse que sou grata as surpresas que a vida tem posto em meus novos capítulos, tenho sorrisos inéditos e conquistas que eu não tinha, ainda, sonhado pra mim. Eu sei que posso, mereço e vou qualquer dia desses trombar com meu final feliz, mas que o príncipe encantado pode não ter a forma que li nos contos de fadas.
***
“Poesia é escrever o que não cabe mais na vida”
(Fernanda Mello)


14 de julho de 2014

Das urgências.




Talvez esteja me precipitando ao escrever-te este texto, no entanto, não sei quanto tempo ainda me resta e eu preciso, imediatamente, registrar o quanto gosto do seu sorriso.  Você que ri tímido e parece ter medo de tudo, aproveito a pressa e aviso: não precisa ter medo de mim. Sei que há intensidade em tudo que eu faço, que rio escangalhada e às vezes faço piadas ruins, mas para mim parece sempre difícil estar a sua altura. E eu queria tanto...
Às vezes eu queria te dizer dos meus medos e abismos, mas parece-me tão cedo. Então conto das minhas coragens e você estufa o peito com orgulho de mim. E eu pareço uma boba ouvindo as tuas histórias, tenho certeza. Se eu pudesse fazer um único pedido, seria esse: Não tenha medo de mim.
Eu me perco nos meus descompassos, minhas poesias não têm rimas e minha literatura não pertence a nenhuma outra escola senão a do amor piegas, mas você não precisa se assustar, não em tão pouco tempo. Além do mais, meu coração é repleto de urgências que nunca dissolvem e eu não tenho culpa.
Se te escrevo não é para pedir perdão. Afinal, não há erro algum em ser quem somos. Mas, se for melhor assim, eu danço no seu compasso e conto sobre você, devagar:
Gosto dos seus abraços e do seu polegar que percorre o meu braço, num carinho sutil. Gosto do seu cheiro e das suas respostas sempre na ponta da língua, da sua companhia e do seu bom gosto para quase tudo. Gosto dos nossos indícios de sintonia que de vez em quando pintam para colorir a nossos encontros. Acho graça em cada coisa que sei que você faz só pra me agradar.

Tem um sorriso te esperando na próxima visita que vai te contar sem eu dizer nada que está tudo, tudo, tudo, tudo bem agora que você chegou.

7 de julho de 2014

Traçado do nosso sentido.

Aquilo que eu tanto temia, finalmente aconteceu: Endureci.
         Espero que seja temporário.
         Quero outra vez abrir os olhos para aquilo que há de mais bonito na vida:
         As coisas do coração.
         É, para mim, uma tortura encarar a vida com tanta seriedade...
         Eu queria que os beijos, outra vez, fossem capaz de me arrepiar a pele
         Eu espero poder acreditar que o meu coração não será dilacerado, de novo
         Eu quero olhar nos olhos e ver o que não ouvi a boca dizer
         Eu gostaria que a boca não precisasse calar coisa alguma
         Seja por vergonha ou medo
         E que se calasse, fosse apenas com beijos e por um único motivo:
         O AMOR.
         Tanto isso se distancia da minha realidade que resolvi mudar o foco
         Fiz planos e desejei outras coisas
         Mas e agora que estão todas na ponta da agulha?
         Posso querer voltar caminhar como se pisasse em nuvens?
         E se outra vez tirarem o chão sob meus pés?
         Eu sei, endurecer para ao menos uma coisa bastou:

         Aprendi que contos de fadas só existem nos livros.


26 de junho de 2014

Solar

Era inverno em mim, tempestade.
Eu que nunca soube ser adeus, estava aprendendo a força.
Até que um dia, no meu refúgio apareceu um raio de Sol
Com palavras que afagaram minha alma
Desde então essa Pequena que vos escreve
Nunca mais esteve só.
Uma menina doce e de coração sincero
Passou a ser minha companhia
Às vezes vai embora sem dizer tchau
Mas sempre volta para ser Oi
Gratidão ao universo que mesmo sendo imenso
Cruzou nossos caminhos
Gratidão a você que mesmo de tão longe
Abraça-me com cada palavra
E compartilha da minha (nossa) sensibilidade
Os dias são iluminados pelo seu SOL-riso
Hoje quem te manda energia boa sou eu
E compartilho poesia sem rima por você
Vida de luz (que és)
E aqui se inicia mais um ano Solar.



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Parabéns, minha linda! Felicidades. ♥

19 de maio de 2014

Só por hoje.




Hoje é um daqueles dias em que me encontro com a sensibilidade exacerbada, quando não entendo porque sentir tanto assusta as pessoas na mesma medida. Olha, cara, eu queria dizer que você tem muita sorte! É, juro, pois se estivesse aqui neste momento, não escaparia do meu bombardeio de emoções, eu diria perfeitamente e sem o menor pudor, pela primeira vez, que gosto de você.
Não sei dizer se nasci na época errada ou se sou desajustada para qualquer tempo, mas não entendo essa mania que essas pessoas têm de acreditar que gostar dos outros é pecado, não pode, isso é feio, menina, tira esse gostar daí a-go-ra!
Por quê?
Que mal tem assumir que o bem da gente mora dentro de um abraço?
Tanto fizeram que ando contaminada por essa porcaria. Fico dizendo o tempo todo que não posso gostar de você. “Porque se não, Joyci, você já sabe, vai se dar mal.” Cobra minha consciência coletiva.
Mas, hoje. Hoje não.
Se você estivesse aqui, eu te daria um abraço como aquele do primeiro encontro, em que me pendurei no seu pescoço. E te diria que você começou me ganhar, um pouco antes desse abraço, quando seus braços esquentavam os meus num carinho delicado, mas no momento em que eu estava prestes a te soltar e você pediu pra eu ficar “mais um pouco” ali, você desarmou minha estratégia e o meu coração. Hoje você saberia o quanto eu adoro quando você me faz rir, mesmo quando eu rolo os olhos e que fico muito contente em saber que você se importa com os meus palpites e comigo.
Hoje você não escaparia, teria que ouvir minha playlist do John. Mesmo achando que as canções dele são “canções esquisitas de amor” e a gente encontraria, certamente, uma que se encaixaria no nosso momento. Hoje eu te explicaria a minha não necessidade de nomear as coisas, compensada pela hiper necessidade de sentir e vive-las, cada gota. Será que você entenderia?
Pela primeira vez pensei em você ao ouvir uma música, sem sentir culpa. E assumi o meu medo, enquanto cantarolava os versos que diziam que parte da beleza de se apaixonar é o medo que a outra pessoa não se apaixone.

Hoje, pela primeira vez, te escrevi um texto sem apagar nenhuma vírgula.

12 de maio de 2014

Romântica mesmo essa história que a gente inventa né?
Por incrível que pareça, eu ainda sou essa menina boba que acredita no amor. E talvez essa seja a minha sina mais bonita; a de manter os olhos abertos para ver as coisas que acreditam o coração. E de vez em quando, quando eu estou quase perdendo o fôlego e todas as forças, aparece alguém que como você, me faz acreditar que sim, vai existir alguém que vai preferir ficar enquanto muitos decidem ir embora.
E parece que chegou a hora de aceitar o novo, como ele tem sido: com abraço apertado, beijo molhado e riso que me faz querer rir também, até as bochechas doerem. Abri os olhos e dei de cara com um par de olhos pequeninos que brilham ao me encarar, uma mão que sempre faz carinho no meu joelho e busca tirar o meu cabelo quando ele cai sobre o meu rosto. Entrou no meu caminho alguém que se importa com o que eu quero fazer hoje a noite e me ajuda fazer planos pro meu futuro, sem permitir que eu tire meus pés do chão. Alguém que só permite que eu tire meus pés do chão, quando é pra envolver meus braços em seu pescoço e sufoca-lo num abraço só nosso.


15 de janeiro de 2014

Ferida Antiga.

Cheguei a minha casa e só esperava o que espero todos os dias: banho, jantar, noticiário e a maravilhosa companhia da minha cama e os meus travesseiros da NASA. Meus planos foram interrompidos assim que me despi da saia e da camisa que havia usado o dia todo no trabalho, pela campainha que tocou. Amaldiçoei mentalmente o porteiro que muito provavelmente havia esquecido outra vez de me entregar as correspondências quando passei por ele, pedi que ele esperasse por um instante enquanto vesti o roupão e caminhei até a porta. Ao abrir, minha boca também se abriu na forma de um O. Eu não acreditei no que vi. Meus olhos também arregalados, minha sorte foi que tive forças para me segurar a porta. Mal podia acreditar naquilo que meus olhos viam, não importando o motivo pelo qual aquilo estava acontecendo. Ouvi a voz me dizer:
- Está tudo bem? Eu posso entrar?
Não sei quanto tempo eu demorei para responder. Mas, foi o suficiente para que ele sentisse a necessidade de repetir as perguntas. Não sabia o que dizer e tampouco quais motivos fizeram ele vir até a minha porta, sequer como fez para entrar sem ser anunciado, como só acontecia há alguns anos. Puxei o ar suficiente para preencher completamente os meus pulmões e cocei os olhos na esperança de ao tirar as mãos de sua frente, ele não estivesse ali, mas ele estava e eu fui obrigada a lidar com aquela situação. Não como uma criança que tranca a porta na tentativa de se esconder do bicho papão, mas como adulta que enfrenta tudo de frente. Fiz que sim com a cabeça e sorri, emendando logo em seguida:
- Não tão bem como eu gostaria, ainda não posso passar meus dias esticada numa cadeira de sol enquanto sinto meu corpo ser preenchido pela vitamina D. Mas, bem.
Ele foi entrando e eu fechei a porta atrás de seu corpo. Pedi que esperasse na sala enquanto eu colocava uma roupa e voltei com um copo d’água bem gelado para ele. Entre todas as coisas que aprendi na vida, uma delas é ser uma boa anfitriã, obviamente quando estou com todos os meus parafusos no lugar. Ele sorriu agradecido e por um instante era como se o tempo não tivesse passado. Era como se agora fosse o dia seguinte da nossa última briga e ele tivesse chegadp para dar as explicações necessárias. Mas não era. Nossa última briga aconteceu há alguns anos e isso fica nítido quando olho para as entradas generosas em sua testa e os pequenos pés de galinhas que se formam ainda discretamente no canto de seus olhos. Então o que mais o havia trazido para este momento sentado em meu sofá com o corpo inclinado para frente e seus pulsos apoiados em seus joelhos? Eu não fazia ideia. Embora, se eu bem o conheci um dia em sua vida, havia um bom motivo. Não quis perguntar. Sentei-me no sofá oposto ao dele, de frente e com as pernas cruzadas sobre o sofá, como uma menina se senta ao brincar. Eu não era a única que observava o trabalho árduo do tempo, ele também parecia avaliar cada detalhe meu que estava diferente: os olhos pintados, o rosto que era de menina agora de mulher e até a pequena tatuagem em meu pulso “let it be” ele pareceu notar, não teceu nenhum pequeno comentário sequer, mas seus olhos varriam cada centímetro de mim. Não falamos nada. O silêncio foi quebrado apenas pelo aviso de nova mensagem no whatsapp no meu celular, eu olhei a tela iluminada e deslizei o dedo desbloqueando-a, ele se sentiu mais a vontade para olhar as horas no seu aparelho enquanto eu respondia, devolvi o celular na mesa de centro e logo a tela se bloqueou. Ele então perguntou:
- Era alguém importante, não é?
Eu não senti muita firmeza em sua voz, parece que ele tinha dúvidas se queria mesmo saber a resposta. E eu assenti com a cabeça, positivamente:
- Era sim, se não fosse importante não teria motivos para ter o meu número pessoal não é?
Ele não respondeu. Os olhos se reviravam enquanto ele parecia procurar forças. Eu sentada sem entender, num ímpeto perguntei:
- Como você conseguiu entrar? Quero dizer, sem nem mesmo ser anunciado?
                Ele sorriu sacana e aquele riso gostoso pelo qual eu fui apaixonada um dia, me irritou. Serrei os dentes e rolei os olhos. Fui firme:
                - Anda, me diga! Como você conseguiu?
                - Eu fiz amizade com o porteiro. Imaginei que você tinha chegado e resolvi parar. Disse a ele que eu era um amigo de muito tempo atrás, que morou fora algum tempo e agora estava de volta. Sem seu número. Só o endereço de cabeça. Ele não ia querer estragar a surpresa do reencontro, né?
                - Entra ano e sai ano e você continua o mesmo cachorro de sempre. – Disse dando um tapa estalado no sofá de couro branco. – Ai, doeu. – Soprei a palma da mão ardente.
                - Você continua linda. Quero dizer, ainda mais linda. O tempo fez mais bem pra você do que para mim. Você tem traços de mulher agora.
                - Ok, obrigada. Mas...
                - Mas... o que eu tô fazendo aqui, né?
                - Isso. Exatamente isso.
                - Você sempre me pedia uma resposta...
                Ele tinha razão. Passei muitas noites chorando e sonhando com o dia que ele chegaria e me diria tim tim por tim tim das suas razões. Eu sempre pedia que me dissesse o motivo ou razão de todos aqueles acontecimentos. E ele sempre hesitou em suas respostas. Dizia todo tipo de coisa. Mas, nenhuma, em tempo algum curou minha dor. Minha ferida é antiga. É do tempo que eu ainda acreditava em felizes para sempre. Tem a idade da fantasia. Só que agora é muito diferente.
                - Você disse certo. Eu sempre quis. Mas, cheguei a um estado que não quero mais. Descobri que colocar o dedo em ferida antiga só faz sangrar. E eu não quero mais. Eu chorei muito. Quem não me deu as costas acompanhou meu sofrimento. Ir dormir diariamente aos prantos não é nem um pouco prazeroso. Eu vi o chão se abrir sob meus pés e você nem aí. Suas respostas ecoavam vazias em meus ouvidos e eu não conseguia enxergar onde tinha parado todas aquelas juras de amor. Agora as coisas são diferentes. Eu tenho minha própria vida. Sou livre e me amo. Isso faz de mim uma pessoa muito melhor, sabe?
Ele assentiu com a cabeça e eu calei. O silêncio reinou naquele ambiente, ele abria os lábios como se fosse falar e não conseguisse encontrar as palavras, titubeando. Havia uma confusão de sentimentos em mim e nele, que se levantou, parecia pronto para ir embora. Se eu não queria mais respostas o que mais ele poderia fazer ali? Insistir. Se levantou e rodeou o sofá, apoiou a palma das duas mãos nas costas do sofá e apertou, eu via a força dos seus braços naquele movimento, quando as palavras finalmente saíram:
- Olha, as coisas não são bem assim. Eu sempre te disse que você era a menina mais especial do mundo, simplesmente porque você é! Eu nunca precisei mentir sobre isso. E eu aprendi que as mentiras machucam. Mas, você era uma menina! E eu era um homem. Você tinha um mundo para descobrir e eu já tinha um monte de cicatrizes.
- Você foi ridículo! E está sendo ainda mais, se prestando a este papel, viu?
- Não diga isso. Não pense que está sendo fácil. Não pense que foi fácil. Você sabe o quanto é difícil abrir mão de algo que você ama?
- Ah, sim. Até porque é muito fácil ver a pessoa que você ama fazer tudo que você fez e ainda te dar as costas. Tão fácil que você deveria experimentar. Mas, você pode parar de falar? Foi difícil, mas acabou. Eu não quero mais saber dessa história. Você pode ser meu amigo se quiser.
- Seu amigo? – Ele disse arqueando a sobrancelha.
- É, meu amigo. – Fui firme.
- Você não tem nenhuma mágoa mais, por isso não quer mais falar a respeito?
- Eu tenho. É claro que eu tenho. Quando eu te conheci, eu tinha todos os sonhos do mundo. Era uma menina com sede do amor. E eu vi em você minha possibilidade de mundo. Eu encontrei sossego no seu amor e carinho. Você, babaca, era meu amor tranquilo com sabor de fruta mordida. Mas, tudo isso durou muito menos do que eu esperava. Você dizia que sabia o que era o amor porque me amava e depois? Depois resolveu me devolver como se devolve uma roupa com defeito? Você foi um idiota! Você soube direitinho como estragar tudo. Eu senti como se você tivesse arrancado meu coração do meu peito e apertasse pra vê-lo sangrar. Doía muito. Doía absurdamente. Doeu ao ponto que a própria dor serviu de analgésico. E sobrou só a tristeza, saber que você tinha o potencial para ser o homem da minha vida e se contentou apenas em ser uma decepção.
Foi então que olhei em seus olhos marejados. Era como se todas as palavras que eu tinha guardado para mim por todo aquele tempo o fizesse sentir-se ainda mais culpado de tudo. Eu não tinha certeza de que aquilo estava mesmo acontecendo, precisei verbalizar para não pensar que se tratava de um sonho ou pesadelo:
- Você está chorando? Não chora... – Senti minha voz embargar, mas insisti. – Não chora porque não vale a pena. Nós fomos prejudicados por tudo o que aconteceu. A culpa foi sua, eu dei o meu melhor e dei algumas chances para você dar o seu melhor também, mas não aconteceu e se não aconteceu é porque talvez não era pra ser. – as primeiras lágrimas rolaram pela minha face.

Eu estava chorando também e não entendia o motivo direito. Não é que eu sentia satisfação ou o gostinho da vingança finalmente na minha boca, não é. Eu não sou do tipo que se alegra com o sofrimento alheio só porque este um dia compactuou com o meu. Mas, eu senti sim uma pequena alegria, pela primeira vez eu senti que ele também pesava pelo nosso fim, por alguns instantes tive a sensação de que nenhuma lágrima tinha sido em vão.  Eu me levantei e fui ao encontro do seu abraço, fiquei na ponta dos pés e envolvi meus braços em seu pescoço, pedi baixinho que ele não chorasse porque já não mais adiantaria, afastei meu corpo do dele e estiquei minha mão até a sua face onde cuidadosamente secava com as pontas dos meus dedos. Dei muito mais carinho do que recebi quando as lágrimas eram minhas e se pude fazê-lo era apenas porque eu já não me sentia tão ferida, consegui ver que ali havia uma ferida antiga e aberta. E o que eu poderia fazer? Ele me abraçou forte outra vez e então se despediu de mim, pediu meu telefone e deu o dele, avisou que eu poderia ligar quando quisesse, que poderia contar com a ajuda dele para o que eu precisasse, lembrei ele de que eu não era a menininha que precisava de cuidados que ele conheceu tempos atrás e ele sorriu magoado, afirmando que sabia daquilo, se desculpou outra vez e se dirigiu até a porta. Abri para que ele pudesse sair e o vi partir, fechei a porta atrás do meu corpo e olhei para o relógio que estava pendurado na parede, havia passado algumas horas desde que ele chegou. O cheiro dele ainda predominava o ambiente. Sentei no sofá, abracei minhas pernas enquanto pensava no que havia acontecido, precisava respirar para assimilar. Nem por um instante o quis de volta em minha vida, tampouco suas mentiras. Mas, a sua verdade de olhar meus olhos e mostrar toda verdade por trás daquela ferida fez com que meu coração se aliviasse. Alívio em perdoar. Jamais em perdurar.