Tenho abraço apertado,
sorriso largo e um coração de criança que abrange o raio de alguns quilômetros.
Sou curiosa, colo e confessionário de quem quiser chorar ou calar, sou das
palavras e muitas vezes falo mais do que devo, mas tenho bons ouvidos. Amo
escutar o que as pessoas têm a dizer e se pudesse, passaria a vida lendo as
pupilas alheias, desconheço algo mais sincero que um brilho no olhar. Tento ser
tão humana – no sentido mais amplo da palavra - quanto possível e sou
apaixonada pelas pessoas e tudo o que elas têm a me agregar, apesar dos meus erros e tropeços, eu sempre dou um jeito de levantar o nariz,
corrigir a postura e dar mais alguns passos, ainda que desajeitadamente. E
tenho meus defeitos também, quem me conhece sabe bem disso: impaciente, grossa,
irônica, sarcástica, lisérgica, ciumenta, esquentadinha. Mas, vou fazer o quê?
É assim que sou e fui toda vida. Ainda que “toda vida” cubra um espaço de tempo
um pouco maior que 20 anos, mas com boas histórias para contar e no meio de
tudo: mais aprendizados do que cabem na mão, mais erros do que sei contar e
mais amor para que eu possa transbordar. Até
que dia desses resolvi confessar que, na verdade, eu fiz escolhas que quase
ninguém entende, mas que é sim o que eu penso ser o melhor caminho, talvez o
único nessa minha estrada: eu sofrerei por amor o quanto for preciso e que
dentro de mim haverá sempre aquela pequena criatura que se recusará a crescer e
amadurecer se for pra perder a ternura. E que sim, eu pago caro e se for
preciso o dobro, mas sustento o meu vício de amar como se fosse a primeira e
única vez, de não me lembrar do último. Não, calma. Não é que não me lembro da face,
do cheiro, do gosto. Tem lugar pra todos os acertos numa caixa reservada para
as lembranças, eu não lembro dos erros, do que fez dar errado e não tem espaço
no meu peito para um coração cheio de mágoa. O nome disso é esperança e eu
aprendi muito cedo. Esperança de que talvez o próximo mereça a confiança que o
anterior supostamente deveria ter me feito perder, mas não perdi. Perdoei. Amar
é sempre uma escolha, mais que uma entrega, é uma escola da qual saímos todos
sem diploma. Estaremos, se nos permitirmos, eternamente no jardim de infância.
E eu serei sempre a Maria de Milton, com a minha “estranha mania de ter fé na vida”.
27 de julho de 2013
14 de julho de 2013
O bastante.
Eu estive até agora hesitante em te
escrever, por motivos que você pode compreender facilmente, peço paciência, mas
eu ainda não fui capaz de organizar a bagunça que você deixou aqui dentro de
mim. As palavras faltaram, a respiração falhou e talvez, eu não tenha sabido
ser clara o bastante, então preste atenção: apesar da desordem, tudo permanece
aqui. Fico inquieta em meus pensamentos a fim de organizá-los, não dá, no fim
das contas acho que é isso que você sabe fazer, é isso que você faz de melhor:
tirar o meu sossego. Sempre foi assim, não é? Não que isso seja ruim, mas desde
entrou na minha vida aquela história de “um amor tranquilo com sabor de fruta
mordida” foi por água abaixo. Eu tenho um amor que me tira o fôlego.
Desde o princípio, você chegou na
minha vida feito furacão, entrando sem pedir licença e fazendo-se notado,
quando me dei conta eu já estava mal acostumada com seus cuidados e carinhos. Como é confortável ter o suporte de alguém tão para cima e preocupado com a sua
fragilidade oculta. Porque sim, você e eu sabemos que por mais que me faça
de durona, eu sou uma menina medrosa que deseja alguém segurando a mão e
dizendo “calma, pequena, tudo vai ficar bem”. Sempre fica. O problema é que
você foi embora sem dizer porque e as únicas mãos que me seguravam eram as
minhas próprias. Confesso: Tive medo.
Pude me descobrir muito mais forte
do que supunha, percebi que chorar é mais do que preciso e alivia bastante e
que eu consigo caminhar sem você, embora não queira. Tive que continuar, apesar
dos tropeços e do desejo de correr pro teus braços e ficar quieta, sem dizer
coisa alguma. É apenas na presença da ausência que somos capazes de perceber o
quão essencial alguém se torna nas nossas vidas. Foi isso que você se fez, por
mérito próprio, essencial. E sabe qual era a minha vontade? Apagar tudo. Nos
momentos de raiva, desejei jamais ter te conhecido. Mas, aos poucos me
recobrava e percebia o quão insano seria isso, você me ensinou muitas coisas e
a minha admiração por você, mesmo na dor, é infinita. Acompanhava de longe a
tua caminhada e, meu Deus, como eu desejava te aplaudir. Deixei cada coisa
acontecer no próprio tempo e você voltou, também sem muitas respostas.
Sabe quando você me olhou e soltou,
em tom magoado, aquela pergunta retórica: “Você não me entende, né?”. Quis
dizer que sim, que te entendo e mais do que isso, quis dizer tudo que eu sei
sobre você. Tal qual a mim, você é um menino bobo com medo do amor. E quando
você chegou me pedindo um abraço, mesmo magoada, não consegui recusar muito
tempo e você sabe por quê? Por que é isso que eu tenho sabido ser nestes
últimos tempos: ser o seu amor. Ser os braços que abraçam os seus medos e a voz
que te diz que tudo vai ficar bem, ser os olhos que te admiram e as mãos que
afagam os seus cabelos, ser o cheiro que você procura em outros cheiros e a
primeira pessoa que você vai procurar quando quiser fugir.
Quando eu te perguntei se você
choraria se eu morresse, estando em prantos, com a morte de um personagem, é
porque queria saber se faria falta. Só faz falta aquilo que tem importância. O
personagem morreu e não era por ele que eu chorava, é por me colocar no lugar
dos que ficaram e que sofreriam a ausência dele. Depois me coloquei no lugar
dele, será que sentiriam minha falta? Não faço questão que muitos sintam a
minha falta, mas seria interessante que as pessoas com as quais eu me importo,
sintam. Temos uma mania besta de querer ser melhores, épicos, heroicos e não
admitiríamos ser esquecidos, não por aqueles que – supostamente – nos amam, ou
deveriam. Mas, como te disse, ser herói não é fazer tudo certo. Ser herói é
tentar reparar, os erros, as coisas ruins que ficarão no passado e eu posso te
ajudar a superar as barreiras. Eu posso estar do seu lado sempre que você
precisar, mais do que isso, eu quero. Eu quero fazer isso com você. Eu te amo e
desejo que isso dure o tempo que eu mereça. Estar ao lado de alguém tão
especial é uma dádiva e estar alguém que te faz sentir-se especial é um
presente imensurável. E numa coisa você tem razão: ninguém é capaz de me fazer
sorrir como você faz.
Eu te amo. Isso basta.
1 de julho de 2013
O meu tipo
Tem mais mistérios que o universo por ser descoberto e talvez seja essa
a causa de tamanho encanto. É segredo? Os olhos dele me dizem que sim e no
mesmo instante me revelam outros tantos. E às vezes dá um medo, insegurança,
não sei e vem aquela vontade aparentemente incontrolável de jogar tudo pro alto
e começar do zero. Recomeço. Recomeço a entender o porquê de tanto tempo nessa
história tão nossa e tão clichê. O amor que talvez não devesse mesmo acontecer,
mas quem é que diz isso afinal? Meu coração gritante anuncia que é você, que
foi você e que continuará sendo você, por séculos e séculos, amém.
Adoro
quando diz meu nome baixinho, como num sussurro discreto e o sotaque chiado
acelera as batidas do meu coração. O que eu não entendo fica para depois, só
consigo rir de você me contando daquela conversa com seu amigo: “Dela eu só
revelo alguns poucos milagres e que milagres”. Só tinha de ser com você.
Piadista,
como sempre foi ri do que eu choro e me faz ver que não é o fim – da linha, da
história, do mundo. De humor refinado e inteligentíssimo sabe exatamente como
descontrair. Uma comparação, uma sátira quando não uma ironia pra arrancar um
sorriso meu, porque sabe as doses exatas e passa longe da falta de educação.
Isso
sem falar da paixão – avassaladora, eu diria – por futebol. Nunca vi algo nem
parecido, é lindo. Domingo? Sagrado. Quarta-feira? Idem. Sente-se, sinta-se a
vontade, porque como canta nossa torcida: O show está começando. O mais curioso
de tudo é que – pasmem! – você não conseguiria nem sequer odiá-lo por isso.
É tão intrigante sua persuasão, é capaz de te
fazer acreditar no que duvidava. E não, não espere convencê-lo do contrário. Você
vai se cansar, enquanto ele, incansável, continua a bater na mesma tecla.
Parece saber o momento exato em que você precisa
ouvir alguma coisa e diz, sempre diz. Às vezes, é verdade, diz até algo que
você não quer, mas precisa. E o faz da melhor maneira, puxa sua orelha com uma
mão enquanto a outra afaga seus cabelos. Essas mesmas mãos açoitam o medo
quando ele aparece. E você esquece.
É o tipo de homem que não faz nenhum esforço para
parecer um gentleman, não faz questão, no entanto, quando você precisa que ele
deixe as grosserias de lado, acaba por fazê-lo, sem que você peça. Porque ele
entende, sempre entende o que você não diz.
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