Tenho abraço apertado,
sorriso largo e um coração de criança que abrange o raio de alguns quilômetros.
Sou curiosa, colo e confessionário de quem quiser chorar ou calar, sou das
palavras e muitas vezes falo mais do que devo, mas tenho bons ouvidos. Amo
escutar o que as pessoas têm a dizer e se pudesse, passaria a vida lendo as
pupilas alheias, desconheço algo mais sincero que um brilho no olhar. Tento ser
tão humana – no sentido mais amplo da palavra - quanto possível e sou
apaixonada pelas pessoas e tudo o que elas têm a me agregar, apesar dos meus erros e tropeços, eu sempre dou um jeito de levantar o nariz,
corrigir a postura e dar mais alguns passos, ainda que desajeitadamente. E
tenho meus defeitos também, quem me conhece sabe bem disso: impaciente, grossa,
irônica, sarcástica, lisérgica, ciumenta, esquentadinha. Mas, vou fazer o quê?
É assim que sou e fui toda vida. Ainda que “toda vida” cubra um espaço de tempo
um pouco maior que 20 anos, mas com boas histórias para contar e no meio de
tudo: mais aprendizados do que cabem na mão, mais erros do que sei contar e
mais amor para que eu possa transbordar. Até
que dia desses resolvi confessar que, na verdade, eu fiz escolhas que quase
ninguém entende, mas que é sim o que eu penso ser o melhor caminho, talvez o
único nessa minha estrada: eu sofrerei por amor o quanto for preciso e que
dentro de mim haverá sempre aquela pequena criatura que se recusará a crescer e
amadurecer se for pra perder a ternura. E que sim, eu pago caro e se for
preciso o dobro, mas sustento o meu vício de amar como se fosse a primeira e
única vez, de não me lembrar do último. Não, calma. Não é que não me lembro da face,
do cheiro, do gosto. Tem lugar pra todos os acertos numa caixa reservada para
as lembranças, eu não lembro dos erros, do que fez dar errado e não tem espaço
no meu peito para um coração cheio de mágoa. O nome disso é esperança e eu
aprendi muito cedo. Esperança de que talvez o próximo mereça a confiança que o
anterior supostamente deveria ter me feito perder, mas não perdi. Perdoei. Amar
é sempre uma escolha, mais que uma entrega, é uma escola da qual saímos todos
sem diploma. Estaremos, se nos permitirmos, eternamente no jardim de infância.
E eu serei sempre a Maria de Milton, com a minha “estranha mania de ter fé na vida”.
2 comentários:
Joyci, como nos parecemos, moça!
E que permaneçamos assim, com essa fé enorme no amor e na vida.
Belo post!
Sacudindo Palavras
Estou precisando aprender a ter essa esperança.
Lindo texto pequena!
Beijo
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