É tempo de
olhar para dentro de mim e enxergar nos meus abismos cada ferida que
preciso cuidar. É natural que ao fim de uma história em que você somou e se
dividiu, precise passar algum tempo, em silêncio, observando tudo o que precisa
ser refeito e buscando por qual caminho se deve recomeçar. Vejo claramente as
coisas que você deixou fora do lugar e aos poucos procuro organizá-las. Outras que antes sob seus cuidados hoje contam com o seu descuido e será preciso um tanto
de paciência e dedicação para que eu mesma possa dar conta de tudo. Juntando
todos os seus sinais descobri que acabou e preciso calar todas aquelas pequenas
vozes que surgem dentro de mim perguntando: E se?
Está tudo bem
se agora não consigo achar que ninguém seja suficientemente interessante ou
inteligente para mim. Não há problemas se há momentos que eu não tenho as
respostas para as perguntas que me ocorrem, se não sei (ou sabemos) explicar
por que as coisas tomaram este caminho e tudo bem, se alguns momentos são
nostálgicos em demasia, sei que isso também passa. Nesse momento, não posso me
cobrar demais. Preciso, sobretudo, me
amar demais.
E farei isso e-xa-ta-men-te agora. Porque não há meios de deixar para depois um
sentimento tão imediato e o mais imprescindível para a existência da vida (digna)
humana, o tal do amor-próprio. Não pense que eu não me amava enquanto estive
com você, eu te amei tanto justamente por proporcionar a mim a possibilidade de
enxergar a pessoa que eu era. E por isso lhe serei grata. Não sei você, mas
penso que gratidão é uma forma de amor eterno.
Existem coisas
que, ainda que você me perguntasse, eu não saberia lhe responder. Mas, sim, sei
que acabou. Olhe, querido, isso é nítido. Se quiser saber como me sinto,
certamente titubearei entre estou bem e não é o que eu esperava. Apesar de
todos os pesares que você conhece tão bem quanto eu, só nós sabemos o quanto eu
quis estar do seu lado durante todo esse tempo. E se quis, é porque tive meus
(bons) motivos. Não quero guardar mágoa alguma, portanto, aproveito agora para
varrer qualquer possibilidade para bem longe do meu coração porque
infelizmente, aquela música que disseram minha não se encaixa neste contexto: “cruel
como criança ela não cansa”.
Sim, cansei.
Por algum tempo você sabe que eu tentei remar neste barco furado dentro deste
oceano de incertezas, mas agora meus braços estão bem cansados e eu não posso
mais fazer isso sozinha. Parte disso é minha culpa, afinal, quem manda
acreditar que pode fazer tudo sozinha? Reconheço minha fragilidade, não pude.
Ouço os
trovões que vem lá de fora e não sei se pego o telefone para te anunciar a
partida. Agora é temporal, mas daqui a pouco é chegada a hora de sorrir. Abrir
as janelas da alma e redescobrir as múltiplas possibilidades que sempre surgem
após a chuva quando seremos obrigados a florir.
___________________________________________________________________________
Por mais auto-explicativos que sejam os meus textos, sinto que devo uma pequena satisfação: Ando deveras introspectiva e assim que essa fase passar, retornarei para visitá-los.
Um beijo enorme, a todos.
Vida de Luz e Poesia.