Para ser lido ao som de Rather Be.
Créditos Imagem: Tumblr
Ando
com saudade do ninho. De sentar no sofá enquanto espero você se ajeitar e ouço
seu pedido de: - por favor, baby, não repare a bagunça. É claro que eu não
reparo, penso comigo mesma. Ouço você perguntando o que quero ver na TV e eu
serro os olhos, penso se não te parece óbvio que não quero ver nada, mas
permaneço em silêncio. Vejo você pegar uma água e se sentar ao meu lado, logo
sorrio e acomodo meu corpo pequenino ao seu abraço, que me envolve num conforto
infinito. Roço meu rosto no seu ombro e pescoço, sinto seu cheiro de roupa
limpa e sonho bom, mas me afasto repentinamente, com medo de sujar-te com a
minha maquiagem, mas o medo se desfaz num sorriso logo após a sua cara de que é
óbvio que isso não tem importância.
Levanto-me
e caminho no pequeno espaço que nos aconchega, quando te pergunto sobre a
vista, ouço você dizer que posso olhar se quiser e não hesito. Saio me
equilibrando no meu maior salto para observar a vista da sacada, vejo a cidade
sob nossos pés. Tento adivinhar onde fica cada lugar e ouço você, um pouco
distante, rindo do meu (inexistente) senso de direção. Sem nenhuma vergonha na
cara, uso minha desculpa favorita que é detestada por você e logo ouço que
preciso saber um pouco de tudo. E a nossa conversa atravessa o ambiente.
Volto,
notando que você ligou a TV num filme que desconheço e outra vez aconchego
nosso corpos como se nosso ninho fosse e no fundo, sinceramente, acho que é.
Abaixo-me e solto o fecho das minhas sandálias, noto que seus olhos observam os
meus pés, você comenta como são lindos e pequeninos. Agradeço e logo te abraço,
como se abraçasse o mundo e deixo que nossos narizes se toquem num delicado
beijo de esquimó. Num puro golpe de ousadia ou talvez de intimidade, jogo
minhas pernas sobre seu colo e sinto seus lábios sorridentes tocando os meus.
Neste ínterim, meus olhos já se fecharam. Fico receosa de outra vez bater sua cabeça no sofá, então envolvo meus dedos nos teus cabelos fartos, penso com um
sorriso singelo que depois seu cheiro ficará ali, na minha pele, fazendo
companhia quando sua presença se ausentar.
Em
meio aos nossos carinhos, perdemos a noção do tempo e quando dou por mim, já
perdi “minha hora”. Levanto correndo, me soltando do seu abraço e te apresso
também. Enquanto calço minhas sandálias ouço suas tentativas de me convencer a
ficar. Sorrio, enquanto percebo que a vontade de não ir embora está quase
vencendo a necessidade de voltar. Outra vez te apresso enquanto espero na
porta, noto você fazendo hora e sinto um misto de sensações: ao mesmo tempo em
que quero te punir, desejo te mimar. Ameaço chamar o elevador, mesmo sem você e
noto seu leve incômodo com a minha impaciência, os seus rodeios se multiplicam,
assim como meus sorrisos, enquanto você ganha tempo. Finalmente você vem, abre
a porta e caminhamos até o elevador. Dentro dele, nos beijamos novamente. Já no
carro, faço questão de escolher o melhor caminho para aquela hora, aproveito
para comentar a playlist que toca no seu carro. Já na porta de casa, nos
beijamos como se adolescentes fossemos. Antes de te deixar ir, peço que me
avise quando chegar e entre um selinho e outro, peço também que se cuide. E depois, passar a
madrugada trocando mensagens com você, sem querer me despedir. Eu te escreveria
para dizer que você não precisa ter medo se eu não achasse que todos eles são
completamente compreensíveis. No entanto, agora que todos os meus textos cheios
de clichês são pra você, isso não mais adiantaria. Então, eu só queria que você
soubesse que nenhum clichê é clichê por acaso.