5 de setembro de 2009

Sobre um amor que não terminou...

Era (aparentemente) mais uma tarde tediosa, onde não acontece nenhuma história que eu um dia teria prazer em contar aos meus queridos netos. Vivo sonhando que quando eu tiver a honra de ter netos, serei a avó mais perfeita do mundo. Deseducarei todos eles, com muito gosto, os levarei para passear nos parques da cidade, nos circos e em todos os lugares que eles quiserem ir, mas as noites serão sagradas, eu os colocarei aos meus pés e contarei todas as histórias das quais eu tiver orgulho de ter vivido. Não serei aquelas vovós que sabem fazer tricot, afinal eu não tenho nem um pingo de paciência para essas coisas, mas contar histórias. Ah, como eu amo... E essa história vai ser uma daquelas que eu vou começar contando: A história de hoje, meus amorezinhos... é sobre um amor que não terminou... Eles vão falar: Essa a gente já conhece, vovó! E eu certamente fingirei que não ouvi, já que recordar é viver e eu sinto tanta falta desse tempo.
Essa história é sobre um amor que não terminou. Um dia há algum tempo atrás eu conheci uma pessoa especial, uma daquelas que vocês nunca saberão se existiu mesmo ou não. Porque nem eu, que convivi com ela, consigo saber. O amor que essa pessoa fez despertar em mim não terminou e nunca terminará eu me prometi isso desde o dia em que... Bem, vamos a história. Era um alguém de serenidade visível, um alguém que sabia como tratar outro alguém, eu sempre o disse que ele era um gentleman e ele me proporcionou tardes de risos altos e sinceros. Ele era branco e sensível, um alguém que eu sempre vi como um protetor, tinha nome: Sebastian, para mim o Alemãozinho ou como eu digo até hoje, minha metade alemã. Nós tivemos muito pouco tempo, nem sempre as coisas acontecem como nós desejamos, mas era como um encontro marcado, todas as tardes estávamos unidos. Eu adorava ouvir as histórias que ele tinha pra me contar, adorava ser o ombro amigo quando ele precisava desabafar e ser a “mamãe” quando precisava de bronca, apesar dos cinco anos que contavam a mais no RG dele, eu sempre fui tachada de irmã mais velha, apesar de só me chamar de “mein kleines” (minha pequena). Referíamos-nos um ao outro sempre com uma ternura que vinha de outras vidas, era o que nós acreditávamos outras vidas existiam para nós. E nós iremos nos reencontrar numa próxima, ou nessa ainda se... É. Ele era um alguém que tinha muito medo, não se sentia amado pela mãe que tinha o mesmo nome que o meu e sentia muita a falta da namorada que estava do outro lado do oceano. Eu nunca soube detalhes, na verdade nem ele sabia muito bem quando ela voltaria e isso o machucava ainda mais. Ele sempre buscou meios de esquecer-se desses problemas que o atormentava, uns mais apropriados e eficazes: como amigos e outros mais inapropriados e pouco eficazes: falsos amigos. Eu sempre ficava martelando na cabeça dele que amigos de verdade nos levavam para caminhos bons e os “amigos” nos levava ao deserto. Deserto me remete a uma frase que me lembra muito ele: Num deserto de almas também desertas uma alma especial reconhece de imediato outra. Do Caio, o grande. Eu o reconheci, a alma do Sê sempre reluziu para mim. Ele me apresentou coisas que eu me prendo até hoje, para nunca esquecê-lo, uma delas a mais importante: O perdão. Eu aprendi a me perdoar pelos meu erros e não culpar os outros pelos erros que não eram deles, eu aprendi a desculpar quem quer que fosse e por qualquer ofença, qualquer ferida. A minha metade alemã era uma coisa que eu sempre quis ser, poliglota. Outra coisa que me faz nunca esquecê-lo, a minha promessa. Ainda serei poliglota e todos os meus diplomas, serão dedicados a ele. Para ser muito, mas muito e precisamente sincera: muita coisa me lembra o alemão mais especial de toda a minha vida, o meu irmão. Eu poderia ficar a noite inteira contando essa história aos meus netos, ou a quem ousasse me dar ouvidos, porque eu tenho muita coisa a falar. Os risos descontidos tomavam conta de qualquer ambiente em que estivesse eu e ele. Também houveram lágrimas, sinceras e doloridas. Quando ele insistia em dizer que eu era quem tinha grandes problemas e vivia sorrindo e ele não tinha problemas e ficava os procurando, como numa caçada onde não se sai sem sua presa, procurava tanto que acabava por encontrar. Ninguém podia negar que cumplicidade era a nossa marca, nós conversávamos sobre todo e qualquer assunto: desde religião até o céu de Brasília, que, diga-se de passagem, nós consideramos o mais bonito do mundo. Insisto em contar a história como se ele estivesse presente, porque ele está. A presença dele dentro de mim é tão forte que eu posso sentir, eu posso ouvir-lo dizendo que agora está tudo bem. Mas, eu preciso chegar ao fim da história, antes que as lágrimas não me deixem continuar, o soluço embrome a minha voz e vocês tenham que sonhar com o fim, que não será tão sincero e descontente como o verdadeiro. Houve um dia que eu fui procurá-lo no lugar de sempre e ele não pôde ser encontrado, lá estava só um bilhete: O mais importante e triste que eu recebi em toda a minha vida.


Jooo! To passando só pra me despedir... Eu queria agradecer por tudo, tudo e tudo que você fez por mim cara! Você foi e ainda é uma das pessoas mais importantes pra mim, na minha vida! Até peço desculpas por estar fazendo essa "caca", como tenho certeza que você diria se estivesse falando comigo agora rsrs mas realmente não ta dando mais pra suportar! E tipo... Dessa vez eu não volto cara! Eu prometi pra mim mesmo e vou cumprir, eu sei que não vou melhorar! Só quero que você não se esqueça de mim, porque você sabe que independente de onde eu estiver, eu vou estar olhando por ti, te protegendo... Apenas quero que você respeite minha vontade de querer partir! Mas enfim, vou ficando por aqui... Eu te amo muito, muito, muito, muito, muito e muito Jo
*-* pra toda a eternidade e em todas as minhas vidas! E quanto a visita que eu iria te fazer... Deixa pra próxima quando nos reencontrarmos! um enorme beijo de quem te ama mais que tudo... Sê!"
6 de março de 2008, 19:59
Ninguém estava presente quando as lágrimas cobriam o meu rosto e eu achei que não teria mais forças pra continuar sem ele. Mas não é remorso o que me aflige porque na última vez que eu o vi, o deixei com palavras doces e verdadeiras, eu o tinha dito que o amava, porque amava e ainda o amo. Eu sempre tentei fazê-lo desistir desse adeus tão dolorido eu sempre tentei conformar a dor que o atormentava, mas essa decisão não cabia a mim. Ele sempre foi uma pessoa muito especial, desde o primeiro instante e que apesar de não ter o mesmo sangue que o meu, nós tínhamos todo o restante para nos considerarmos irmãos, o amor, o afeto e a cumplicidade. Coisas pelas quais eu não tenho pelos meus irmãos do sangue. Eu sempre acreditei que a alma era uma coisa muito mais importante que a genética, o físico. Nós tínhamos uma alma parecida, nós éramos (somos) irmãos da alma. E isso é bem maior que o sangue. Sempre sentirei falta das aulas de português que ele me pedia, já que as gírias eram difíceis de ser compreendida por ele assim como advérbio de modo temporal. Ele fazia uma tempestade com isso e eu o explicava com as palavras mais simples que eu podia. Assim como sinto falta dele falando em alemão a frase que mais marcou a estada dele na minha vida: Se amar é viver, eu vivo além da vida... porque eu te amo além do amor. E minha metade alemã sempre soube que isso não era apenas um clichê, ele sabia que vinha de dentro do meu coração. O que me conforta é saber que você olha por mim, o que me conforta é pensar que certamente você está bem melhor do que estava por perto, os sonhos nos quais você vem me visitar pra mandar notícias também cabem como um pequeno alívio, gosto de sentir que você está em paz. Afinal, foi tudo o que você buscou durante toda a tua estadia na terra. Eu me enganei quando acreditei que você era um anjo Terrestre, você era um anjo que estava só de passagem. O céu te mandou e o céu te buscou. Olha por mim. ♥


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Galerinha, quero indicar dois vídeos pra vocês. Um que é um curta metragem do conto do Caio Fernando Abreu que eu postei pra vocês um dia - Os Dragões não conhecem o paraíso. E o outro é um que eu acabei de assistir no YT, sobre apaixonar-se pela vida. Os dois são bemmm bacanas, quem puder assistir garanto que vai ser bem legal. Respondo os comentários de vocês depois, porque eu vou pra feira agora. E queria agradecer também pelo carinho que vocês tem, é muito bom receber ele. *-* amo mt tudo isso! Seguem os vídeos:


É só clicar no título e se divertir, beijos!

9 comentários:

Carlinha disse...

Nossa que linda história...
me prendeu... não costumo ler textos grandes... mas esse valeu a pena...

Debbys disse...

Poxa moça, até chorei aki.. SIm, pq a história é muito triste, apesar de bonita!!
Ainda bem que vc tem ele pra olhar po vc!!! muito lindo isso mew!!
bjusss

Fernanda L. disse...

"Me veja como um anjo que você não pode ver, mas pode sentir. Eu sempre vou tá pensando em você, desejando o seu bem, Nanda..."

É engraçado como as nossas trajetórias se parecem nesse quesito. Por mais que falem, a certeza de que foi e ainda é real e sincero se mantém firme e incontestável. Acho que é aquela questão do post anterior: quem sente com a alma é capaz de amar - e para sentir com a alma nem sempre é preciso ver.
Acho que nós tivemos a felicidade de conhecer nossos pequenos príncipes, né? Aqueles que nos protegeram e nos mostraram que o essencial é mesmo invisível aos olhos, que só se vê bem com o coração...

Te amo, minha gigante. ;)

Solange Maia disse...

nossa.....
que linda história !

fiquei com os olhos mareados e a alma latejando...

Certamente Sebastian está em você, com você...

Adorei ter vindo aqui...
Adorei.

Beijo pequena...

Maitê Bradley disse...

♪ Desculpe estou um pouco atrasada, mas espero que ainda dê tempo... ♫

Desculpa a minha demora em vir aqui comentar? Eu sei que estou atrasada, mas não me atrasei porque quis. Perdão, minha fadinha :(

CARA, eu me emocionei com o final :'( Eu pensei que fosse terminar de forma mais animada, que bilhete foi aquele?! ºLágrimasMilº Posso dizer uma coisa? Esse texto precisa de continuação Sra. JL ><' Quero um reencontro, em um lugar lindo, que me faça sorrir em vez de chorar!
AHUAHUAHUHAUHAU

Te amo, minha versão feminina do Caio ;)

Maitê Bradley disse...

Voltei aqui para comentar de novo ¬¬' Sabe o que é? Eu ando com a cabeça em Plutão ><'

Eu me atrasei para comentar porque fui assistir aos vídeos. Enfim... Eu me atrasei pelos vídeos e não falei nada sobre eles, né?! Mas eu nem vou falar sobre eleS. Vou falar só de um: Apaixone-se *-* Caraaaa, no começo do vídeo eu pensei que não fosse curtir, quase desisti de assisti, mas foi passando e passando... QUE LINDO *-* Você é perfeita até na hora de fazer recomendações ♥

Babih Xavier disse...

AAh que lindo
apesar de triste
tem uma belezaa bacanaa \o

amei o blog ^^

- rafasonehara disse...

historia muito
muito linda.. *-*
porém triste!!
ahh a minha irmã já falou
pra eu assistir esse video
dos dragões mais eu queria ler
o livro primeiro :D
beijoos
:*

Gabriela Castro disse...

Ai ai Jô. Agora eu que dei uma sumidinha, né?! Esse semestre na faculdade tá bem corrido. Nem tô conseguindo mais entrar muito no blog. Entrei aqui rapidinho no trabalho pra te dar um "Oi, estou viva" Ahaha
Prometo que volto pra ler o seu texto todo.
Saudadeeeee!
beijos