21 de agosto de 2010

With you. ♥

“I need to grow older with (a man like) you”

         Não, um homem “como você” não seria o suficiente. Um homem que torce pro mesmo time que você, mora no mesmo bairro que você, tem os mesmos sonhos, as mesmas manias e até o mesmo sotaque, os mesmos vícios orais e qualquer outra coincidência que você, ele, eu ou qualquer outra pessoa que te conheça assim tão bem quanto nós, aponte não será suficiente, porque serão coincidências, não sendo você, não basta. Portanto, corrijo: “I need to grow older with you”.
         Porque é de você – e não de alguém como você - que eu tenho vontade de saber tudo. É para você – e não para alguém que tenha o mesmo sotaque que você - que eu tenho vontade de ligar durante as madrugadas só pra dizer ou ouvir-lhe dizer: “Preciso de você, te amo”. Porque é o seu cheiro – e não um cheiro parecido com o seu - que eu desejo que fique impregnado em minha pele. Porque é a sua voz – e não uma voz que se parece com a sua - que me sacode a alma e me leva pra dentro de mim. Porque são os seus sonhos – e não sonhos parecidos com os seus - que eu sonho também. Porque é você – e não alguém como você - que eu vejo no altar de madeira em frente ao mar, vestido todo esportivo me esperando e sorrindo ao ter me visto com um vestido branco e curto, flores na cabeça e os pés descalços, para o sim, para a vida. É você – e jamais alguém que se pareça com você – que eu desejo que me espere a vida toda, que eu desejo que cinco minutos longe pareça a vida toda. É por você - e em hipótese alguma, por alguém como você – que eu estou disposta a esperar as viagens a trabalho com o seu prato favorito para o jantar. É com a sua caligrafia – e nunca com a caligrafia que se parece com a sua – que eu desejo tatuar o nome do nosso filho – e não do filho de alguém que não é você – na minha pele. Eu desejo acordar todos os dias da minha vida com você – e não com aquele que dizem que lembra você. Porque foi e é por você – e nunca, por um outro alguém – que eu esperei tanto tempo. É a sua voz – e não uma que se parece com a sua – que arrepia a minha pele. Porque o meu jeito menina que quer (e sabe ser) mulher encantou você - e não à alguém que tem os mesmos gostos que você. Foi por você que eu me converti ao Tricolor e não por nenhum outro tricolor do mundo. Porque eu sinto falta de você e não de alguém que por algum motivo qualquer e que não nos diz respeito, age como você. Porque foi você – e nunca alguém (que nem precisava ser) como você – que me fez acreditar e proclamar à quem estivesse ouvindo que almas gêmeas de fato existem. Por que envelhecer parece mais fácil e gostoso com você e não com alguém como você. Porque é você – e não alguém que pensa como você – que coloca as verdades em meu caminho. É você – e não alguém que age como você – que me faz perder todos os medos. Porque é para você – e nunca foi para alguém como você – que eu reservei meu tempo. Porque o meu caminho é você e não alguém como você. E eu prefiro estar com você, a estar com alguém como você.
Até porque – definitivamente -, alguém como você não existe.



É pra você e você sabe disso, meu anjo do amor.

12 de agosto de 2010

O dia seguinte.

O telefone toca, ela demora para atender e quando olha para a bina, sente o coração palpitar, era ele. E eles não se falavam há tempo, o que para ela era um crime. Ela atende, com a voz de sono, mas tudo dentro de si parecia bem atento:

— Alô?! É você mesmo?!

— Não, cabrita… quem mais poderia ser?

— Não sei, a gente não se fala há tanto tempo, talvez alguém ligando pra dizer que você saiu do coma.

— Eu nunca estive em coma!

— Não é o que parece. Mas, diz o que você quer? Me acordou…

— Dizer bom dia?

— Não, você não é do tipo Gentleman.

— Eu sou de que tipo?

— Do tipo que não liga no dia seguinte. Do tipo que não manda flores. Do tipo que acha que não sabe amar. Do tipo que bebe aos fins de semana e não quer ir a casa da sogra aos domingos. Do tipo que facilmente me deixaria pra ver futebol…

— Letícia, por que está dizendo isso?

— Porque é verdade. Você sabe disso.

Os dois respiram fundo e ela fica sem saber o que dizer, pensa por alguns segundos e resolve começar:

— Mas, bom dia. O que é que você quer?

— Nada.

— Só “nada” mesmo pra fazer com que você me ligue, Frederico.

— Você está na TPM?! Só pode…

— Só porque resolvi ser sincera? Não seja cínico!

— Eu não sou cínico!

— Você é… e está sendo agora.

— Lelê, não fala assim…

— Eu falo.

— Eu nunca menti pra você.

— Porque eu faço poucas perguntas.

— Quer desligar?

— Se eu quisesse, pode apostar que já o teria feito.

— Então o que é que você quer?

— Usar seu sobrenome.

— Depois de tudo isso? Eu sou cínico, mas você é maluca!

— Eu sou, é. É isso, devo ser… MA-LU-CA! Obrigada por me lembrar. Ninguém em sã consciência amaria você.

— Disponha, bebê.

— Não me chama assim… você sabe como isso sempre acaba.

— Não, acho que tem algo que você não sabe.

— O que é, Fred?

— Isso nunca acabou.

Ela se cala. Ele continua.

— Nunca vai acabar.

Ela repete quase muda, sem forças:

— Nunca vai acabar?

— Nunca.

— O que é que a gente está fazendo aqui, então?

— O que a gente sabe.

— O que é que a gente sabe?

— Se amar, brigando.

— É.

— É o quê, Letícia?

— Você é um canalha.

— Ahn?

— Um canalha. É o que você é.

— Um canalha?!

— Sim, você sabe. Você é sujo. Você sabe exatamente como me manipular, me faz fazer as coisas da forma como você quer e isso sem usar muitas palavras. Você sabe quando pode falar grosso comigo e quando deve usar o tom manso. Você sabe todas as cartas do meu jogo, você as marcou. Eu fico sem o que fazer e é assim sempre. Você é tudo isso que eu disse. Um canalha, cínico, podre… mas sabe amar.

— E te amo, maluca.

— Eu sei. Ou não sei, mas isso não me importa.

— O que importa então, Letícia?

— O que importa é que eu te amo. Porque você é humano.



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Letícia ataca mais uma vez, né? Lembro que quando eu postei um texto "dela" pela primeira vez a Nanda me disse que ela deveria voltar mais vezes, demorou algum tempo - eu diria até que -, muito tempo. Mas, ela está de volta. Talvez seja só mais uma dessas mulheres que amam um homem de verdade, sem muitas idealizações e aceita (do seu jeito) o jeito dele. Ou apenas eu mesma, a (Joyci) Letícia Dias. haha.

Vou responder os comentários dos dois últimos posts, obrigada aos que nunca abandonam o Pequena, é por vocês que eu apareço, ainda que de vez em nunca e não tranco os comentários. Vocês são o apoio, sempre.

Um beijo enorme aos que me lêem,

Pequena.

8 de agosto de 2010

Uma carta que você não recebeu. (Dia dos Pais)

            Minha mãe sempre foi tudo o que eu precisei, sempre me educou e fez de mim uma criança feliz. Nunca me faltou nada, nada além de um pai. Quero dizer, até os 7 anos eu tive um pai. Os meus 7 anos funcionaram como um divisor de águas, talvez não o único, mas certamente o primeiro. Aos 7 anos conheci você e perdi meu pai, tudo bem que você deve estar se perguntando: “O que é que você está querendo dizer?”. Mas, no fundo, ainda que bem no fundo, quase com a profundidade da mágoa que eu carrego de você – você sabe o que eu quero dizer. O meu pai, não, não é você, embora o exame (desnecessário) de DNA prove que o sangue que corre nessas tuas veias imundas é o mesmo que corre pulsante aqui também, talvez por ódio, talvez porque seja minha única opção. O que eu quero dizer é que até meus 7 anos de idade a pessoa que representou o papel de pai no filme da minha vida (merecendo, inclusive, o Oscar) foi meu avô, sim, o senhor Antônio Pereira Dias, o maior amor que eu tive, o maior amor do mundo. Mas, será que você sabe o que é amor? É vida, exatamente aquilo que você tentou roubar de mim, mas que a Mulher Da Minha Vida (sim, assim com letras maiúsculas) me deu direito e mais de uma vez. Só que é óbvio que você não sabe das outras vezes, afinal, você deu o fora na primeira.
            Aos 7 anos eu conheci você, na porta de um bar, você me chamando – penso hoje, que possivelmente de forma irônica – de “filhinha”, eu me lembro embora o melhor fosse esquecer. E no dia 7 de Abril deste ano (2010) você me viu de novo e nem para dizer “Bom dia, idiota” você se prestou. Não pense que me fez falta. Não, não fez. Porque você não sabe, mas eu tenho pessoas incríveis na minha vida. Pessoas, que ao contrário de você dariam a vida por mim. E deixando a modéstia de lado (talvez, esse seja o único ponto que nós temos em comum, a falta de modéstia), eu também sou uma pessoa incrível, especial e muito amada, tenho caráter (de você não posso dizer o mesmo), inteligente, teimosa e justa, muito justa. E de você, tenho pena. Porque carinho, amor, afeto, atenção e outras coisas que os bons pais dão as suas filhas, eu não preciso. O espaço que havia dentro de mim e há em toda filha que se preze, foi ocupado por outras coisas, por pessoas e sentimentos bons.
            Para mim, você não é nada senão um cogumelo. Um pobre coitado que perdeu a grande chance da sua vida de ser amado, de poder correr para o meu abraço quando precisasse ou ser o primeiro a saber: “Vou me casar”, “Estou grávida”, “Fui promovida”, “Darei a volta ao mundo”. Você não é para mim, nada além de um estranho, que só leva o título de pai (biológico) porque há um documento que diz o mesmo. Aliás, eu deveria dizer que para mim, você é muito pior do que um estranho, pois nada tenho contra os estranhos e tudo tenho contra você. E, mais... Todos os estranhos (exceto você, claro) do mundo têm a chance de que um dia eu goste deles, de que um dia eles venham a me cativar. Portanto, recolha-se em sua insignificância, porque eu sei que a culpa não é de ninguém além de sua. E você não merece nada além do meu desprezo.