12 de julho de 2011

In sanidade.

Enlouqueci-me. Não, não houve nenhum diagnóstico onde um especialista me certificava de que eu estava louca, no entanto, aconteceu. É tão delicada a linha que separa a sanidade da insanidade e eu nem pude perceber – o exato momento em que ela – se apagou. Porque na verdade não, você não fez pergunta alguma pelo simples motivo de que você já sabia de tudo. Então eu arrumei mecha do meu cabelo que caiu sobre os meus olhos e tampava de uma maneira tão deseducada a minha visão de você. Naquele momento eu não sabia se era uma visão boa ou ruim, minha capacidade de discernir as coisas já havia sido afetada, ainda agora eu não sei, mas era uma visão de você. Os meus olhos negros te olhavam aliviados, não mais tão tristes apenas com uma profundidade que chegava ao desconhecido de mim, quietos, como quem já viu muito e não quer dizer mais nada. Somente mergulhavam no oceano silencioso das minhas águas, negras também. Eu pedi para você afrouxar a sua gravata e você o fez, sem me questionar, embora eu tivesse resposta para te fornecer: ela de uma forma que eu não podia entender me sufocava. Meus dedos, sem as mordaças do que é certo ou errado, moviam-se lenta e carinhosamente pela sua face, a ponta deles tocava com cuidado a barba que estava por ser feita e os seus lábios sorriam como se soubessem – e eu tenho a impressão que sabiam – que eu tinha enlouquecido.  Eu acho que quem me enlouqueceu foi você com o seu silêncio que dizia tudo o que eu queria escutar e eu calava respondendo tudo o que você queria como resposta e acho que enlouqueci justamente por não me importar em responder o que não era perguntado e assim, calados, eu tinha com você o diálogo mais interessante de minha vida inteira. 

2 comentários:

Vanessa disse...

Ah, que momentos são esses de silêncio completo onde tudo pode ser dito mesmo sem nada dizer?
Linda essa tua insanidade, pequena. Saudades daqui! :)

Debbys disse...

entendo completamente esse momento... às vezes são os mais sinceros, né? xD

bjussssssss