Melhor do que ninguém, eu sei que a
vida não tem sido fácil desde o início deste ano que, veja bem, já está na
metade. Decidi, desde o princípio, que esse ano seria decisivo na minha vida,
mas quem disse que é fácil fazer escolhas? Não é, pelo simples fato que escolher
significa deixar algo para trás e neste caso algo quer dizer coisas, pessoas,
lugares e circunstâncias. Logo eu, tão apegada a tudo que me cerca. Fiz mais
uma escolha, diga-se de passagem, importantíssima: entregar na mão de Deus e
acreditem, isso é muito, mas muito mais difícil do que parece ser e eu aprendi
isso há alguns anos atrás, escutando conversa “alheia” durante um almoço, não
era pra mim, embora seja grande a possibilidade de que eu aprendi mais com
aquela frase do que quem era pra aprender, de repente o Michel disse: “você e
todo mundo tem que aprender uma coisa, quando você entrega uma coisa na mão de
Deus, você deve deixa-la lá, porque Ele cuida. Se você ficar tirando o tempo
todo, isso nunca vai se resolver, nunca.” Eu engoli aquelas palavras a seco e
agora, depois de tanto tempo, elas fizeram digestão. Quando dei por mim, me vi
um pouco sem chão e me perguntava todo tempo: Onde estão aqueles que disseram
que cuidariam de mim? Pois é, em qualquer lugar fora do meu alcance. Vi que era
eu por mim mesma. Vi gente que eu nunca quis ter longe, indo embora sem sequer
me dar uma explicação, mas a noite quando coloco a cabeça no travesseiro, a
resposta vem, talvez sejam essas as respostas para as minhas orações. Não foi
fácil. Só Deus sabe quantas vezes eu tive vontade de desistir, quantas vezes eu
chorei tentando achar uma resposta, quantas vezes eu acordei e quis jogar tudo
pro alto, quantas vezes fazia tudo no automático porque era preciso. Mas, a
minha fé era maior que qualquer energia ruim, desaforo, medo, angústia,
desanimo, cansaço, insegurança ou dúvida. Eu creio no Deus do impossível, eu
oro e peço à Ele todas as bênçãos da minha vida. É nEle que às recebo. Sou
mimadinha sim, filhinha do Papai, a Menina dos Olhos dEle.
Eu tive que abrir mão do trabalho ao
lado de pessoas que eu quero bem, tenho minhas dificuldades como qualquer
pessoa normal convivendo com outras pessoas igualmente normais, cheias de
imperfeições e qualidades, educação que nada se parece com a que você recebeu
em casa, mas bem quistas, oras, que te fazem rir ou suspirar de raiva, mas que
te aturam, dão força, empurram pra frente, te fazem pensar e te ensinam muito
sobre relacionamentos saudáveis e convivência. Foram quase dois anos em que me
submeti ao aprendizado diário de paciência, carinho, simpatia às 9 horas da
manhã mesmo quando você não dormiu bem, está cansada, preocupada, com medo ou
desejando estar em qualquer outro lugar que não ali. Aprendi a me relacionar de
igual para igual com pessoas de patamar superior e inferior e quantas vezes não
pratiquei, também, humildade? Fiz-me inferior só para que alguém supostamente
superior se sentisse melhor. Não é bom ser capaz de fazer alguém se sentir
melhor? Vi almas grandes, nobres passarem por mim, bem como pessoas pequenas e
cheias de mesquinharia levantarem a voz. De que adiantou? Não sei. Contei até
10, 30, 100, 1000 e respirei fundo. Levantei e algumas vezes deixei a pessoa
falando sozinha. Algumas vezes fui pra cozinha chorar e recebi o consolo de
quem menos esperava, outras vezes fui até o banheiro para ser mais discreta e
usei a desculpa de ter ido retocar a maquiagem. Aprendi que tem coisas que
devemos dizer na hora, outras que devemos dizer depois que a raiva passe e ainda,
aquelas que devemos deixar para lá, porque nada nos irá acrescentar, apenas
magoaria desnecessariamente pessoas com as quais você, no fundo, se importa.
Aprendi a esquecer. E desenvolvi também, muitas técnicas para lembrar... nomes,
sobrenomes, telefones, endereços, formas de tratamento, tarefas e desculpas
perfeitas e funcionais para as mais diversas situações. Aprendi competência,
agilidade, compreensão. Aprendi muito sobre minha futura e tão amada profissão
e também, sobre moda, finesse, sofisticação, por que não?
Eu dei um tiro no escuro e teve uma hora que
eu senti tanto medo de estar errada que na primeira oportunidade voltei atrás,
mas eu não me sentia plenamente satisfeita e me dei conta de que aquele medo era
normal e que na verdade, eu estava fazendo a última coisa que deveria fazer:
tirar as coisas das mãos de Deus. Num exercício de humildade, devolvi. E hoje?
Hoje eu senti uma imensa vontade de agradecer. De abraçar o mundo, tomar nos
braços, olhar nos olhos de Deus e de algumas pessoas e dizer: Muito obrigada.
Tem gente que sem ao menos se dar conta é presente, grata surpresa, embrulhado
com uma fita branca, delicada e discreta, que você se surpreende ao abrir e de
repente encontrar um afago, na alma. E como é bom se dar conta dessas coisas,
né? Uma palavra simples que devolve um
sorriso de paz e a sensação de que seu dever foi cumprido.
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