Hoje
é um daqueles dias em que me encontro com a sensibilidade exacerbada, quando
não entendo porque sentir tanto assusta as pessoas na mesma medida. Olha, cara, eu queria dizer que você tem muita sorte! É, juro, pois
se estivesse aqui neste momento, não escaparia do meu bombardeio de emoções, eu
diria perfeitamente e sem o menor pudor, pela primeira vez, que gosto de você.
Não
sei dizer se nasci na época errada ou se sou desajustada para qualquer tempo,
mas não entendo essa mania que essas pessoas têm de acreditar que gostar dos
outros é pecado, não pode, isso é feio, menina, tira esse gostar daí a-go-ra!
Por
quê?
Que
mal tem assumir que o bem da gente mora dentro de um abraço?
Tanto
fizeram que ando contaminada por essa porcaria. Fico dizendo o tempo todo que
não posso gostar de você. “Porque se não, Joyci, você já sabe, vai se dar mal.”
Cobra minha consciência coletiva.
Mas,
hoje. Hoje não.
Se
você estivesse aqui, eu te daria um abraço como aquele do primeiro encontro, em
que me pendurei no seu pescoço. E te diria que você começou me ganhar, um pouco
antes desse abraço, quando seus braços esquentavam os meus num carinho
delicado, mas no momento em que eu estava prestes a te soltar e você pediu pra
eu ficar “mais um pouco” ali, você desarmou minha estratégia e o meu coração.
Hoje você saberia o quanto eu adoro quando você me faz rir, mesmo quando eu
rolo os olhos e que fico muito contente em saber que você se importa com os
meus palpites e comigo.
Hoje
você não escaparia, teria que ouvir minha playlist do John. Mesmo achando que as
canções dele são “canções esquisitas de amor” e a gente encontraria,
certamente, uma que se encaixaria no nosso momento. Hoje eu te explicaria a
minha não necessidade de nomear as coisas, compensada pela hiper necessidade de
sentir e vive-las, cada gota. Será que você entenderia?
Pela
primeira vez pensei em você ao ouvir uma música, sem sentir culpa. E assumi o
meu medo, enquanto cantarolava os versos que diziam que parte da beleza de se
apaixonar é o medo que a outra pessoa não se apaixone.
Hoje, pela primeira vez, te escrevi um texto
sem apagar nenhuma vírgula.