27 de julho de 2014

Pretéritos.

Para ler ao som de “When I was your man”.



Estava ociosa no trabalho quando resolvi vasculhar meu e-mail, aguardava o relógio anunciar minha partida ou uma simples resposta para prosseguir com meus processos. Abri uma pasta antiga e foi onde te encontrei guardado, prendi a respiração e ao clicar no “assunto” tive certeza que bem não me faria. De qualquer forma, estava feito.
Houve um tempo em que o meu maior motivo de alegria era ter você por perto e junto, a certeza de que eu era amada. Eu li verbos que quando conjugados no tempo certo eram minhas orações. Certamente as palavras mais bonitas que já me dedicaram até então. Hoje são –  apenas –  pretéritos mais que perfeitos.
 Agora o tempo é outro e o que sobrou são lembranças, palavras e carinhos que ficaram daquele que decidiu ir embora. Doces e doloridos. São feridas que viraram cicatrizes e vez ou outra inflama, mas já não ardem e não preciso desinfetar. As suas escolhas me fizeram trilhar caminhos diferentes dos que eu tinha escolhido no momento em que te vi chegar, às vezes tenho a impressão de estar num labirinto que hora ou outra me leva a um lugar que já fui.
No entanto cada vez menos sinto vontade de voltar no tempo e quem sabe fazer diferente, sei que dei o melhor que podia e que se não fomos feitos para durar, a culpa não é minha e tampouco sua. Seria pura hipocrisia dizer que não queria, um dia, sentar e pontuar toda essa história. Bem como se não assumisse que sou grata as surpresas que a vida tem posto em meus novos capítulos, tenho sorrisos inéditos e conquistas que eu não tinha, ainda, sonhado pra mim. Eu sei que posso, mereço e vou qualquer dia desses trombar com meu final feliz, mas que o príncipe encantado pode não ter a forma que li nos contos de fadas.
***
“Poesia é escrever o que não cabe mais na vida”
(Fernanda Mello)


14 de julho de 2014

Das urgências.




Talvez esteja me precipitando ao escrever-te este texto, no entanto, não sei quanto tempo ainda me resta e eu preciso, imediatamente, registrar o quanto gosto do seu sorriso.  Você que ri tímido e parece ter medo de tudo, aproveito a pressa e aviso: não precisa ter medo de mim. Sei que há intensidade em tudo que eu faço, que rio escangalhada e às vezes faço piadas ruins, mas para mim parece sempre difícil estar a sua altura. E eu queria tanto...
Às vezes eu queria te dizer dos meus medos e abismos, mas parece-me tão cedo. Então conto das minhas coragens e você estufa o peito com orgulho de mim. E eu pareço uma boba ouvindo as tuas histórias, tenho certeza. Se eu pudesse fazer um único pedido, seria esse: Não tenha medo de mim.
Eu me perco nos meus descompassos, minhas poesias não têm rimas e minha literatura não pertence a nenhuma outra escola senão a do amor piegas, mas você não precisa se assustar, não em tão pouco tempo. Além do mais, meu coração é repleto de urgências que nunca dissolvem e eu não tenho culpa.
Se te escrevo não é para pedir perdão. Afinal, não há erro algum em ser quem somos. Mas, se for melhor assim, eu danço no seu compasso e conto sobre você, devagar:
Gosto dos seus abraços e do seu polegar que percorre o meu braço, num carinho sutil. Gosto do seu cheiro e das suas respostas sempre na ponta da língua, da sua companhia e do seu bom gosto para quase tudo. Gosto dos nossos indícios de sintonia que de vez em quando pintam para colorir a nossos encontros. Acho graça em cada coisa que sei que você faz só pra me agradar.

Tem um sorriso te esperando na próxima visita que vai te contar sem eu dizer nada que está tudo, tudo, tudo, tudo bem agora que você chegou.

7 de julho de 2014

Traçado do nosso sentido.

Aquilo que eu tanto temia, finalmente aconteceu: Endureci.
         Espero que seja temporário.
         Quero outra vez abrir os olhos para aquilo que há de mais bonito na vida:
         As coisas do coração.
         É, para mim, uma tortura encarar a vida com tanta seriedade...
         Eu queria que os beijos, outra vez, fossem capaz de me arrepiar a pele
         Eu espero poder acreditar que o meu coração não será dilacerado, de novo
         Eu quero olhar nos olhos e ver o que não ouvi a boca dizer
         Eu gostaria que a boca não precisasse calar coisa alguma
         Seja por vergonha ou medo
         E que se calasse, fosse apenas com beijos e por um único motivo:
         O AMOR.
         Tanto isso se distancia da minha realidade que resolvi mudar o foco
         Fiz planos e desejei outras coisas
         Mas e agora que estão todas na ponta da agulha?
         Posso querer voltar caminhar como se pisasse em nuvens?
         E se outra vez tirarem o chão sob meus pés?
         Eu sei, endurecer para ao menos uma coisa bastou:

         Aprendi que contos de fadas só existem nos livros.