O telefone toca, ela demora para atender e quando olha para a bina, sente o coração palpitar, era ele. E eles não se falavam há tempo, o que para ela era um crime. Ela atende, com a voz de sono, mas tudo dentro de si parecia bem atento:
— Alô?! É você mesmo?!
— Não, cabrita… quem mais poderia ser?
— Não sei, a gente não se fala há tanto tempo, talvez alguém ligando pra dizer que você saiu do coma.
— Eu nunca estive em coma!
— Não é o que parece. Mas, diz o que você quer? Me acordou…
— Dizer bom dia?
— Não, você não é do tipo Gentleman.
— Eu sou de que tipo?
— Do tipo que não liga no dia seguinte. Do tipo que não manda flores. Do tipo que acha que não sabe amar. Do tipo que bebe aos fins de semana e não quer ir a casa da sogra aos domingos. Do tipo que facilmente me deixaria pra ver futebol…
— Letícia, por que está dizendo isso?
— Porque é verdade. Você sabe disso.
Os dois respiram fundo e ela fica sem saber o que dizer, pensa por alguns segundos e resolve começar:
— Mas, bom dia. O que é que você quer?
— Nada.
— Só “nada” mesmo pra fazer com que você me ligue, Frederico.
— Você está na TPM?! Só pode…
— Só porque resolvi ser sincera? Não seja cínico!
— Eu não sou cínico!
— Você é… e está sendo agora.
— Lelê, não fala assim…
— Eu falo.
— Eu nunca menti pra você.
— Porque eu faço poucas perguntas.
— Quer desligar?
— Se eu quisesse, pode apostar que já o teria feito.
— Então o que é que você quer?
— Usar seu sobrenome.
— Depois de tudo isso? Eu sou cínico, mas você é maluca!
— Eu sou, é. É isso, devo ser… MA-LU-CA! Obrigada por me lembrar. Ninguém em sã consciência amaria você.
— Disponha, bebê.
— Não me chama assim… você sabe como isso sempre acaba.
— Não, acho que tem algo que você não sabe.
— O que é, Fred?
— Isso nunca acabou.
Ela se cala. Ele continua.
— Nunca vai acabar.
Ela repete quase muda, sem forças:
— Nunca vai acabar?
— Nunca.
— O que é que a gente está fazendo aqui, então?
— O que a gente sabe.
— O que é que a gente sabe?
— Se amar, brigando.
— É.
— É o quê, Letícia?
— Você é um canalha.
— Ahn?
— Um canalha. É o que você é.
— Um canalha?!
— Sim, você sabe. Você é sujo. Você sabe exatamente como me manipular, me faz fazer as coisas da forma como você quer e isso sem usar muitas palavras. Você sabe quando pode falar grosso comigo e quando deve usar o tom manso. Você sabe todas as cartas do meu jogo, você as marcou. Eu fico sem o que fazer e é assim sempre. Você é tudo isso que eu disse. Um canalha, cínico, podre… mas sabe amar.
— E te amo, maluca.
— Eu sei. Ou não sei, mas isso não me importa.
— O que importa então, Letícia?
— O que importa é que eu te amo. Porque você é humano.
_
Letícia ataca mais uma vez, né? Lembro que quando eu postei um texto "dela" pela primeira vez a Nanda me disse que ela deveria voltar mais vezes, demorou algum tempo - eu diria até que -, muito tempo. Mas, ela está de volta. Talvez seja só mais uma dessas mulheres que amam um homem de verdade, sem muitas idealizações e aceita (do seu jeito) o jeito dele. Ou apenas eu mesma, a (Joyci) Letícia Dias. haha.
Vou responder os comentários dos dois últimos posts, obrigada aos que nunca abandonam o Pequena, é por vocês que eu apareço, ainda que de vez em nunca e não tranco os comentários. Vocês são o apoio, sempre.
Um beijo enorme aos que me lêem,
Pequena.
5 comentários:
Que texto mais lindo! Adorei a Letícia, sério. *-* Ela é firme, decidida, e apaixonada. (L) Vou procurar o outro texto referente a ela. Parabéns, Joy! :D Beijos, e se cuida!
ah, é uma delícia ler seus textos e histórias.... adorei!!! acho que todas deviam ter uma letícia dentro de si! xDDD
bjinhusss
ameeeiii a Letícia. Reflete muitas de nós mulheres que possuem um jeito diferente de amar.
Ah, você é um doce, Joyci!
Até nesses posts mais "revoltadinhos", você permanece doce.
Amor maluco, esse do post. Mas é bonito, é engraçado e eu acho que gostaria de amar assim alguma vez na vida.
Beijo.
Lindíssimo ! Belo texto, com fortes wtf. haha
aaah, ta mt lindo e parabéns pelo blog em si! vou passar a ler mais! hihi
beijinhos :*
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