22 de maio de 2009

Tu, tu, tu...


Era noite e não fazia muito frio, entrei e fechei a porta; deixei-a trancada de forma que eu acreditava que ninguém poderia me invadir. Esqueci de tirar o telefone do gancho e logo ele veio a tocar, tocou uma, duas, três, quatro vezes... Não sei. Vi a luz da secretária eletrônica iluminar a sala, vi meus pés sobre a mesa de centro e minha pose largada, a pessoa do outro lado da linha respirou pesado e disse: Você não vai me atender? Fiz uma careta e pensei no mais óbvio, é claro que não. Porque eu haveria de mudar minha opinião, sabem que sou assim – Quando decreto que não faço, não faço. É simples, as coisas deveriam funcionar sempre assim, não fazer nada obrigatoriamente. Ouvi só aquela respiração pesada outra vez e logo a luz se apagou, tirei o telefone do gancho e ouvi aquela voz robotizada saindo daquele telefone sem vida: Você tem uma nova mensagem... Que inferno, por que fiz isso? Encaixei com a mesma força que eu facilmente bateria em algo que quisesse me tirar mais do sério o telefone no gancho e subi as escadas. Aquele escuro era minha companhia mais confiável, não tinha medo, ele não iria me derrubar. Sentimentos derrubam as pessoas, dominam e fazem delas o que bem entendem, eu não gostava de sentimentos naquela noite. Olhei a madrugada passar horas a fio no relógio, não foi entediante mas eu não conseguia me mover. Acreditei em sonhos que foram parar no ralo e ninguém se importa. Porque haveriam de se importar... Já disse Shakespeare uma vez: Todo mundo é capaz de superar uma dor, exceto quem sente. Você supera, ele vai superar... Eu não. O sol já estava dando as caras e eu não queria vê-lo, coloquei minha venda e me joguei sobre os lençóis azuis de seda. Cedi. Ceder é tão fácil quando o mundo desaba aos seus pés. E quando você desaba com ele se torna mais fácil ainda. Eu não conseguia pensar em mais nada além de como as pessoas podem ser pequenas a tal ponto. Pequenas na alma. Depois eu é que sou a ridícula né?
Você chorou dores de outros amores, se abriu e acabou comigo. Perdi meu horizonte, por alguns segundos até minha . Agora eu não quero mais, tenho o direito de simplesmente não querer não tenho? Não quero mais, não quero, não quero, não quero. Quer que eu grite? Eu não tenho mais medo, nunca tive... achava que tinha e superei. Sua voz grossa e embriagada sempre me deu nojo, sempre tive nojo de ver você se entregar praquilo que não era seu e eu que era fiquei de lado, agora continuo de lado, do lado; do lado de fora e não quero entrar, não adianta implorar. Foi ponto final, talvez acompanhado de uma exclamação pra dar mais ênfase ao nosso fim. Não foi vírgula, reticência e muito menos interrogação, não quero perguntar nem quero que você exclame. Não reclame, não peça... Entenda.
Eu te pedi, quase implorei: Não me associe a nada, eu me dissocio de tudo. Não faço parte de tudo, mas sou a parte de um todo. Estarei em qualquer lugar pra você se for preciso, mas só enquanto isso me valer à pena. Agora não vale, agora acabou. Meus braços estão cansados de lutar em vão, cheque-mate. Bati no rei, entreguei os pontos. Perdi tudo o que eu não ganharia nada se fosse meu de fato.










Eu gosto desse! Não é pra ninguém. :)

9 comentários:

Gabriela Castro disse...

Muito lindo. Adorei a forma como lida com as palavras :)
beijão

M. disse...

'Quando decreto que não faço, não faço.'

Pois é. As pessoas não deviam ser obrigadas a fazer o que não querem.
Não deviam mesmo.

LIINDO o texto, só pra variar --'
Definitivamente, você e a Fernanda me deprimem, é um fato.

haha, beeeeijo amor

Vanessa disse...

"Sentimentos derrubam as pessoas, dominam e fazem delas o que bem entendem..."
"Sua voz grossa e embriagada sempre me deu nojo, sempre tive nojo de ver você se entregar praquilo que não era seu..."

Nossa, não vou dizer que VC ESCREVE MUITO BEM de novo pq se não vou ficar repetitiva....
mas ADORO O QUE VC ESCREVE!

:*

Paulinha disse...

Muito lindo. Mas é a verdade né? Sentimentos sempre acabam nos derrubando, mas não é impossível dominá-los.
Beijos.

Debbys disse...

Ficou muito bom o texto, como sempre né? Bem tocante, emocionante... Quero trancar a porta e tirar o telefone do gancho... pelo menos por um dia, me largar no sofá.. hehehehe..
bjuss

Fernanda Leal disse...

Seda. Cedi. Ceder.
Minha gênia, minha ídola.
Concordo com a Vanessa, fato.
(L)

meus instantes e momentos disse...

muito bom o texto.
Gosto daqui.
Apareça sempre.
tenha uma semana feliz.
Maurizio

*Lusinha* disse...

Embora triste, um lindo texto...
E às vezes nos falta forças para tomar coragem e ser tão forte na nossa postura.
Bjitos!

Castro disse...

Eu te disse, que ia gostar mais do segundo, foi premonição *-*, eu senti o futuro, eu vi o futuro =D

auahauah

Nossa, muito bom, minha mente foi embora, larguei o trabalho de ingles, e só prestei atenção, aqui muito lindo amor, cara, vou casar com seus textos *-*

Eles são muito foda, se não tivesse com sono agora, eu até iria escrever, porque a sua escrita é inspiração para qualquer fonte =)